População usa parque interdito há dois anos
Trofa Espaço de lazer foi inaugurado em setembro de 2013, mas foi encerrado 15 dias depois. Apesar disso, população invade o espaço
São 19 horas de um dia da semana; o fim de tarde está quente e soalheiro e à medida que os minutos correm há cada vez mais gente a circular pelo Parque das Azenhas, o primeiro – e único – passeio pedonal e ciclável da Trofa. Ainda que esteja interdito desde que foi inaugurado, em 2013, por a obra não estar acabada. Até hoje.
Na entrada da Esprela, junto ao Aquaplace, uma enorme rede metálica barra a passagem e quem quer entrar só tem uma hipótese: esgueirar-se por uma brecha lateral. Eé o que muitos fazem, a pé ou de bicicleta, para poderem passear ao longo da margem esquerda do rio Ave. Mais adiante, em Finzes, outra rede impede o acesso, esta ornamentada com uma folha de papel que determina “circulação proibida a pessoas estranhas à obra”. O aviso é ignorado.
“Está interdito, mas não vemos obras nenhumas nem resultado nenhum em estar fechado”, atira Cláudia Moreira, que ali costuma caminhar com a amiga Patrícia Oliveira. “Entramos por um caminho meio manhoso, que até já está marcado”, conta a segunda. Cláudia especifica: “Passamos à socapa, à volta das redes”.
Aberto a 15 de setembro de 2013, ainda sem a obra entregue ao Município, o Parque das Azenhas seria encerrado no dia 30 desse mês, 24 horas após as eleições autárquicas, sob a justificação de ali estarem ainda a decorrer trabalhos. Em janeiro de 2014, o circuito de 4,1 quilómetros, entre S. Martinho e Santiago de Bougado, ficou parcialmente danificado na sequência de cheias, com parte do investimento total de três milhões de euros (85% são fundos comunitários) a ser engolido pelo rio.
Alguns danos foram reparados, mas o percurso continua interdito sem que a população veja motivo. “Dizem que não se pode andar ali, mas não há obras!”, admira-se a moradora Joaquina Reis.
“Uma vez que está pronto, não tem de estar fechado. Não há perigo público que justifique. Eles fecham e as pessoas arrombam as cercas e vêm desfrutar do passadiço”, diz um pescador que usa ainda o circuito para caminhar. “Vêm para cá pessoas de manhã e ao fim do dia. E ao fim de semana, então, há aí gente que Deus me livre!”.
O JN tentou ouvir o presidente da Câmara, Sérgio Humberto, mas apenas obteve a informação, por fonte da Autarquia, de que “a obra não está parada, mas lenta”.