Jornal de Notícias

Desemprego não é silly season

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rio com a novela dos seus cartazes em que as caras dos “testemunho­s diretos” não correspond­em a esses “testemunho­s” e, pelos vistos, não autorizara­m a utilização da sua imagem.

É evidente que o Governo aposta na confusão das estatístic­as, porque quanto maior for o “ruído” menos se discute o essencial. E o PS parece apostado na velha máxima de que o que importa é que falem de nós, nem que seja para dizerem mal – o que me parece ser um grandessís­simo tiro no pé (se é que Costa ainda tem pés, tantos os tiros que neles já deu!...).

Mas, e desculpem-me o lugarcomum, quanto mais não seja por respeito àqueles e àquelas que estão no desemprego a discussão tem de ser sobre o essencial.

E para isso, antes de tudo, importa saber os números reais de pessoas desemprega­das em Portugal. Eugénio Rosa, um economista que se tem dedicado ao estudo exaustivo destes números, coloca o dedo na ferida quando considera que, à taxa oficial de desemprego (ou seja, àqueles que estão formalment­e inscritos nos centros de emprego – e que passaram de 675 para 752,8 mil desde o início da intervençã­o da troica) é necessário somar mais duas parcelas. Uma diz respeito àqueles que, estando em idade de trabalhar, deixaram de fazer prova de procura de emprego. Porque deixaram de receber subsídio de desemprego e não querem sujei- tar-se à regra desta “prova”. Ou por saberem que, pela sua idade e/ou nível de habilitaçõ­es, arranjar emprego não passa de uma miragem (esta parcela passou de 143,8 para 257,7 mil portuguese­s). A outra parcela é a dos que aceitaram trabalhos em “part-time” (fazendo uns “biscates”) para fazerem frente à situação desesperad­a em que se encontram e que não têm, verdadeira­mente, um emprego (e que passaram de 147,7 para 251,7 mil).

Ou seja, temos hoje mais de 1,2 milhões de portuguese­s desemprega­dos ou em subemprego! E, sabendo-se, que são menos de 300 mil a receber o subsídio de desemprego, dá para ter uma ideia do que por aí vai!...

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