Adeptos unem-se para recuperar velha casa
Beira-Mar Voluntários querem dar um espaço às equipas de formação do clube. Ainda não se sabe onde vão jogar os seniores
Tintas, enxadas, adubos, herbicidas, lixívia, vassouras. Cada um contribui com o que pode para ajudar a limpar e renovar o campo, as bancadas e os balneários do velhinho Mário Duarte. Ontem, cerca de cinco dezenas de adeptos do Beira-Mar reuniram-se no estádio para dar continuidade ao trabalho que tem sido desenvolvido por alguns voluntários nas últimas semanas. Foi sob calor intenso que puseram mãos à obra, tendo parado apenas para um piquenique. Trabalham a pensar na formação, desconhecendo ainda onde vão jogar os seniores, que na nova época vão disputar o campeonato da 2.ª Divisão Distrital.
Com as mãos cheias de tinta, encontrámos Daniel Silva, de oito anos, que joga no clube desde os quatro. “Também raspei paredes e lavei cadeiras”, contou o rapaz. A pintar as paredes exteriores, estava o pai, Anthony da Silva, de 39 anos, proprietário de uma empresa de pinturas, que há três semanas está a trabalhar no estádio. “A formação corria o risco de não ter campo. Estava a ver isto a ir à vida”, contou Anthony, um dos mentores da iniciativa, que suporta os custos da pintura. Nas últimas semanas, Armando Rodrigues, de 57 anos, tem trabalhado no estádio praticamente a tempo inteiro. “Se alguém entrasse no relvado, não se via. Estava lastimável”, contou o diretor da equipa de juniores, que também explora o bar do recinto. Para o responsável, não faz sentido que as equipas da formação recorram aos campos de Frossos ou Fermentelos, quando têm um estádio, cuja gestão foi abandonada pela SAD há cerca de um ano.
Enquanto os mais novos aproveitavam os sistemas de rega para se refrescar, meia dúzia de mulheres esfregavam as cadeiras, tentando devolver-lhe a cor original: o amarelo. Emília Vasconcelos, de 44 anos, mãe de um jogador da equipa de iniciados A, era uma delas. “É preciso estar nos bons e nos maus momentos. Com a falta de apoio da cidade, todos contribuímos para que o clube afundasse. Agora, é preciso ajudar”, justificou.
Cerca de 50 adeptos do clube reuniram-se no estádio