Família perseguida por abusador durante um ano e meio
Baião Agricultor queria a todo o custo manter relações sexuais com uma mulher e acabou por violá-la. Tentou matar o marido a tiro
Perseguiu, durante ano e meio, uma mulher, o marido dela e os filhos menores do casal. O agricultor, de 56 anos, queria a todo o custo que a mulher abandonasse o marido para ficar com ele. Perante reiteradas recusas, violou-a e tentou matar-lhe o marido. O homem, de Resende, acabou detido, levado duas vezes perante um juiz, mas acabou libertado, continuando as perseguições. Começa em setembro a ser julgado por tentativa de homicídio, violação, coação agravada, ameaças, perturbação da vida privada e detenção de arma proibida.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), entre agosto de 2011 e dezembro de 2012, José Luís O. nunca deixou a família de Rafaela e Manuel (nomes fictícios) em paz. Desde ameaças de morte, tanto ao casal como aos filhos menores, a perseguições de carro em que atirava beijinhos a Rafaela ou ainda chamadas e mensagens de amor deixadas à porta de casa com a fotografia dela. Fez-lhes mais de 200 chamadas anónimas. Fez várias esperas à porta de casa da família, que era constantemente ameaçada.
A acusação do MP de Baião não explica concretamente o que mo- via o agricultor casado e com filhos, mas percebe-se que estaria obcecado pela mulher. Em apenas três semanas, ligou 95 vezes para os telemóveis do marido, para ameaçar.
Também não hesitava em dizer a Rafaela que faria mal aos filhos caso ela recusasse relações sexuais. A obsessão era tanta que, em janeiro de 2012, violou-a.
Foi após mais uma chamada telefónica para a mulher que o indivíduo conseguiu convencê-la a encontrar-se com ele, para falar “amigavelmente”. Segundo o MP, no encontro, o homem sacou de uma faca e forçou a vítima a assinar uma folha de papel em branco. Depois, sacou de uma pistola para a forçar a manter relações sexuais.
Após vários meses de perseguição, José Luís O. foi ao local de trabalho do marido, armado, na tentativa de o matar. Mas a vítima conseguiu debater-se e fugir, após agressões mútuas. Escapou a um disparo.
Entre todas estas perseguições, o agricultor foi duas vezes detido e
apresentado perante um juiz de instrução criminal. Na primeira ocasião, a 24 de julho de 2012, o tribunal libertou-o, mas sob proibição de contactar com a família por qualquer meio e de comprar armas.
Apesar da detenção e das medidas coativas, continuou e voltou a ser detido cerca de dois meses depois. Regressou a tribunal, que reforçou as medidas de coação com a obrigação de manter um afastamento de pelo menos um quilómetro em relação à família e de se apresentar todos os domingos no posto da GNR de Resende.
Mas apesar do agravamento das medidas de coação, voltou a perseguir a família durante três meses.
Agressor foi duas vezes detido, mas sempre colocado em liberdade por um juiz