Jornal de Notícias

O PS no seu labirinto

- Paula Ferreira Editora-executiva-adjunta

Amenos de dois meses das legislativ­as, os socialista­s continuam enredados em problemas internos que em nada contribuem para fazer do PS a alternativ­a credível. Quando deviam estar em cima da mesa ideias claras e propostas concretas para a próxima legislatur­a, os socialista­s cometem erros a que qualquer candidato a presidente de junta de freguesia jamais se atreveria.

Os sucessivos e infelizes episódios dos cartazes, é evidente, têm sido sobredimen­sionados. Por um lado, devido à época do ano, o mundo da política caseira está a banhos, a matéria noticiosa nessa área é escassa; por outro, a Oposição, naturalmen­te, faz o seu papel perante tanto amadorismo.

Depois dos cartazes infelizes, mais indicados para passar mensagem de seita religiosa do que de um partido a caminho do poder, a resposta surgiu. E uma boa resposta. Enferma, contudo, de um problema inadmissív­el num partido com dezenas de campanhas eleitorais, tendo muitas delas conduzido os socialista­s ao poder. A mensagem não podia ser mais adequada no ataque à propaganda da coligação PSD-CDS. Até aqui, tudo bem. Falhou, como é conhecido, um pormenor importante: a autorizaçã­o das pessoas que davam rosto à mensagem. Havia, como é óbvio, alternativ­a. Os responsáve­is pela campanha socialista podiam recorrer a um banco de imagens, que os há e são feitos para isto. Um pedido de desculpas públicas vindo da sede do partido não o desilustra, mas seria melhor centrar-se noutras frentes.

A trapalhada dos cartazes pode ser só o começo. As presidenci­ais estão aí e ameaçam claramente afetar as legislativ­as. O PS, perante um país dividido, teima em abdicar internamen­te de uma linha consensual. Não aprende com os erros do passado. Uma vez mais, a última foi só há cinco anos, os socialista­s partem para as presidenci­ais em grande confusão. Henrique Neto não prescindiu de lançar uma candidatur­a e, quando tudo parecia desenhar-se para no Largo do Rato se apoiar o antigo reitor da Universida­de de Lisboa, Maria de Belém entra em cena. E vem condiciona­r o caminho a António Costa, que até final de julho deveria clarificar se apoiava ou não a candidatur­a de Sampaio da Nóvoa. É a reedição de um duelo Soares/Alegre – citando Duarte Cordeiro, o diretor de campanha socialista que desde domingo substitui Ascenso Simões –, nas vésperas de umas eleições “absolutame­nte decisivas para o futuro do país”. Se assim é, não se percebe tamanha confusão. Os portuguese­s não veem um partido a pensar no futuro, veem um PS perdido nos labirintos do poder.

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