Jornal de Notícias

Em Badim, chamas lamberam as casas

Monção Fogo consumiu vinhas de alvarinho. Estado acusado de ser “um grande infrator” na limpeza de matas

- Márcio Silva locais@jn.pt

“Em Badim, já não há mais nada para arder”. A frase do presidente da União de Freguesias de Ceivães e Badim, Carlos Vilarinho, descreve o cenário infernal provocado pelo incêndio que começou, no sábado, em Monção, e entrou, ontem, no concelho de Melgaço. Pelo menos, oito freguesias foram afetadas e as chamas chegaram a ameaçar algumas habitações.

“Foi um autêntico inferno. Tínhamos que deixar arder, não nos podíamos meter no meio do fogo. Mesmo os bombeiros não tinham hipóteses. Ardeu por todo o lado”, contou, ontem, ao JN Aníbal Afonso, de 75 anos, referindo-se ao momento em que as chamas se aproximara­m de algumas casas em Badim, no domingo.

Os populares socorreram-se de mangueiras e baldes de água para tentarem proteger as zonas envolvente­s das habitações. Paulo Ales, emigrante em França, esperava gozar umas férias tranquilas, mas viveu horas de sobressalt­o: “O fogo causou muito medo, porque as chamas eram muito altas. Já vi muitos incêndios, mas este foi o pior de todos”.

Para a maioria das freguesias afetadas, ontem foi dia de rescaldo, mas a preocupaçã­o mantinha-se. “Ainda não estamos descansado­s porque o incêndio não está apagado completame­nte”, acrescento­u Paulo Ales. Depois de percorrer Sá, Badim, Segude, Riba de Mouro, Tangil e Podame, em Monção, o incêndio invadiu Melgaço, devorando mato nas freguesias de Penso e Cousso. À hora de fecho desta edição, tinha uma frente ativa.

“É uma situação muito grave. Há milhares de hectares ardidos. As chamas andaram a lamber as paredes das habitações e arderam alguns currais. As populações sentiram-se um pouco desprotegi­das”, notou o presidente da União das Freguesias de Messegães, Valadares e Sá, Carlos Eça.

Perante a destruição provocada pelas chamas, que pintaram as encostas de negro, o autarca acusa o Estado de ser “um grande infrator” no que diz respeito à limpeza das matas e exige uma atuação mais eficaz.

Grande parte da área ardida é referente a baldios, o que significa também uma quebra de rendimento­s para as juntas de freguesia. Algumas vinhas de alvarinho tam- bém não escaparam à fúria das chamas. O presidente da Câmara de Monção, Augusto Domingues, visitou as freguesias atingidas e descreve um “cenário monstruoso”. Não escondeu a preocupaçã­o com alguns reacendime­ntos e revelou que algumas povoações estão sem comunicaçõ­es móveis.

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Moradores usam baldes de água para arrefecer a terra queimada junto às casas

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