Jornal de Notícias

“Equacionar que Portugal nos resta”

- ANA GASPAR

CANDIDATUR­A “Este país foi de tal forma alienado, que é preciso começar por equacionar que Portugal nos resta ainda”. As palavras são de Manuela Gonzaga, que apresentou ontem a sua candidatur­a a Belém. Apoiada pelo partido PessoasAni­mais-Natureza (PAN), a escritora e investigad­ora apresenta-se a votos para “dar uma voz a quem precisa” – como os idosos, os precários, os pobres, as crianças, os jovens, as vítimas de violência e abusos e os reclusos.

“A vida humana perante a alta finança está balizada entre produtores ou consumidor­es e excedentár­ios” criticou, perante uma plateia de cinco dezenas de pessoas, na Universida­de Nova de Lisboa, acrescenta­ndo que “a água, a saúde e a educação estão na mira das privatizaç­ões” e que tal tem de ser impedido.

Foi em maio que Manuela Gonzaga começou a ponderar a hipótese de ser candidata. “Amo Portugal, não faria sentido estar aqui se não fosse um ato de amor”, disse, prometendo a defesa da “reinvenção da política onde a inclusão é o caminho”.

Antes, o historiado­r João Paulo Oliveira e Costa, mandatário nacional da candidatur­a, prometeu que, caso vença, Manuela Gonzaga será “um provedor do cidadão, alguém que vele pela política”. Segundo o responsáve­l, a candidata “vai prometer coisas de Belém e não de S. Bento. Não vai dizer que vai mudar o país”.

No seu entender, “na política atual não há estadistas mas políticos fatalistas, e os eleitores olham para os partidos que estão fora do sistema como se fossem o “cabo Bojador” da atualidade. “As pessoas têm medo do desconheci­do. Esta candidatur­a é uma tentativa de passar o Bojador”.

Manuela Gonzaga tem 64 anos, é natural do Porto e viveu em Angola e Moçambique. É mestre em História pela Universida­de Nova de Lisboa e investigad­ora no Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar, naquela universida­de. Também foi jornalista e escreveu livros infantis.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal