Europa compensa queda de vendas a Angola
As vendas portuguesas ao estrangeiro estão a acelerar. Nos primeiros seis meses deste ano, Portugal exportou bens no valor de 25,2 mil milhões de euros, mais 5,7% do que em igual período do ano passado. A crise em Angola sentiu-se, mas a recuperação dos parceiros europeus, nomeadamente Espanha e França, ajudou a mitigar a queda de 25% nas vendas a Luanda.
Os produtos que mais impulsionaram as vendas portuguesas no arranque deste ano foram os combustíveis minerais, plásticos e borrachas, tal como o papel e matérias celulósicas. Os têxteis e o calçado também estão a crescer lá fora.
Contas feitas, até junho Portugal dirigiu para a União Europeia 72% dos produtos que exportou, tendo as vendas aumentado 7% face a igual período do ano passado. De qualquer forma, as exportações para fora da UE também cresceram, ainda que a um ritmo mais baixo (2,3%).
Espanha continua a ser o mercado que mais procura produtos portugueses, tendo comprado mais 15,9% a Portugal do que acontecia há um ano. Foram 6,3 mil milhões em produtos adquiridos.
Contrariamente ao que tem sido tradicional, a Alemanha já não é o segundo país que mais compra português, tendo sido ultrapassada pela França que, tanto em junho – onde as exportações cresceram 9% face ao mesmo mês de 2014 – como foi o segundo melhor comprador nos primeiros seis meses do ano.
Fora do top cinco está já Angola. Com o barril do petróleo abaixo dos 50 dólares, a economia angolana continua a travar as compras a Portugal. Nos primeiros seis meses, as exportações caíram 25%. Esta contração já se verifica pelo quinto mês consecutivo e, só em junho, a quebra foi superior a 26%. A dependência angolana ao ouro negro sentese também nas vendas que faz a Portugal, que recuaram 21% no primeiro semestre.
No total, o Instituto Nacional de Estatística mostra que as importações portuguesas cresceram 4,1% face ao período homólogo, para cerca de 30 mil milhões de euros. Entre a diferença do que se adquiriu e do que se vendeu, o défice comercial ficou em 4,8 mil milhões, menos 182 milhões de euros do que entre janeiro e junho de 2014. O Governo de Passos Coelho espera para este ano um aumento das exportações de bens e serviços de 4,8%, sendo que, até junho, o valor superou (5,7%) a previsão. O INE não contabiliza a venda de serviços.
Estes valores são, em todo o caso, superiores aos esperados pelas empresas portuguesas que apontam para um crescimento nominal de 3,4% das suas exportações em 2015 face a 2014, de acordo com o último inquérito do INE. Ainda na semana passada, o Fundo Monetário Internacional deu conta de que Portugal está resguardado perante a desvalorização do euro, por ter grande parte das suas vendas assentes nos parceiros do euro. Admitindo um crescimento na venda dos bens e serviços de 5% no primeiro trimestre, o FMI valorizava a “forte recuperação que está a ter lugar em Espanha”, mas sublinhava que o porta-aviões da economia – como lhes chamou Paulo Portas – terá de ser acompanhado por um “progresso mais rápido nas reformas estruturais, para sustentar a competitividade externa e expandir a quota de mercado no médio prazo”.