Nasce e morre amanhã
Inédito Orquestra Fervença surgiu em Bragança para fazer espetáculo único. Produzida pelo inglês Tim Steiner, desaparecerá após o concerto
“Aqui todos somos Bragança”, este pode ser o lema da Orquestra Fervença, uma plataforma cultural e artística de desenvolvimento de uma identidade a partir da música e com a comunidade que, já amanhã, vai apresentar-se ao público numa performance única e irrepetível na Praça Camões, na cidade transmontana. O projeto é já considerado pioneiro no país.
Ao todo são 80 participantes, dos 5 aos 87 anos, que se juntaram pelo gosto pela música – ou pela mera vontade de experimentar fazer algo diferente. A experiência musical não é necessária. Das comunidades que integram a orquestra, contam-se bandas de rock, grupos corais, tunas, al- guns alunos do conservatório, e vários grupos de música tradicional. “Todos são bem-vindos”, notou Tim Steiner, maestro e compositor britânico que é também timoneiro deste grande e novo grupo.
As tribos são muitas, mas toca-se em uníssono nesta banda eclética, que flui como o rio Fervença, que atravessa a cidade, para “puxar” por Bragança.
A Orquestra Fervença é um projeto de dinamização artística na área da música que juntou a comunidade brigantina e Tim Steiner num processo colaborativo ao longo de três meses. Cada espetáculo é único. “Nós viemos de mãos a abanar, não trouxemos nada, nenhuma música, nenhuma ideia. Ouvimos o que cada um tinha para nos dizer”, explicou Ricardo Baptista, um dos mentores da Orquestra Fervença.
Foram recolhidas ideias, ouvidas sugestões. Meras palavras foram o ponto de partida para canções originais. O espetáculo é definido como “um trabalho genuíno e verdadeiro”. Diz Tim Steiner: “É sobre estas pessoas. É sobre o aqui e o agora”, salienta o maestro inglês. Não há meras melodias e canções, mas trabalhou-se muito o som. Por isso há texturas sonoras, efeitos, danças e fugiu-se dos atalhos e da facilidade para manter a genuinidade. As ideias eram aos milhares. “Houve seleção”, conta Ana Bragança, da estrutura organizativa.
O desafio foi lançado pela Câmara de Bragança, que propôs a realização de “um projeto musical com a comunidade, para incluir e incentivar de forma transversal a população à participação cultural e artística”, referiu Hernâni Dias, o autarca local.