Sotaque português na Asian Cup
BENFICA DE MACAU 2008, Macau. Um grupo de amigos unidos pelo amor ao Benfica aventurava-se na quarta divisão de futebol do país. Era o pontapé de saída para um percurso de sentido único. De subida em subida, chegaram ao escalão principal em 2012, já como Casa do Sport Lisboa e Benfica em Macau, e após dois títulos de campeão nacional, tornar-se-ão, hoje, na primeira equipa macaense a disputar uma préeliminatória de uma competição continental, no caso a Asian Football Cup (AFC).
Pela frente estará o FC Alga, do Quirguistão, um dos conjuntos de um grupo que também conta com o Sheikh Jamal, do Bangladesh.
“Temos de ser realistas, dado que é a nossa primeira participação. Mas acredito que podemos fazer dois bons jogos”, disse, a partir do Quirguistão, Bruno Álvares, treinador de uma equipa semiprofissional que conta com sete jogadores portugueses.
Natural de Lisboa, este jovem técnico, de 28 anos, até já orientou as camadas jovens do Sporting e do Benfica, mas, há três anos, quando desafiado por um amigo, não hesitou em rumar a Macau para treinar uma equipa sénior. Os quatro títulos já alcançados (dois campeonatos e duas taças) atestam o sucesso da missão, mesmo que, admita, ainda haja muito por fazer.
“A experiência tem sido muito boa, apesar de esta ser uma região que ainda precisa de melhores condições e de outro pensamento no que toca ao futebol. Temos um grupo muito diferente, a nível de culturas, e juntar tudo isso para desenvolver uma equipa que pudesse lutar pelos títulos tem sido um grande desafio”, explica.
A heterogeneidade assenta nas nacionalidades – há portugueses, macaenses, chineses e até brasileiros –, mas também na experiência de cada um, visto que se há quem já tenha sido internacional nas camadas jovens (ver caixa ao lado), outros só jogam à bola por carolice.
E afinal, quem foi o mentor desta equipa de sotaque português? Quem responde é o diretor macaense Duarte Alves, filho do fundador Leonel Alves e neto de transmontano. “Houve um grupo de benfiquistas que foi falar com o meu pai para liderar o projeto e ele decidiu apoiar. O primeiro passo foi criar uma filial em Macau. Falámos com a casa-mãe [Benfica] e desde então sempre tivemos esse apoio”, avança Duarte Alves.