Douro e Dão esperam vindima extraordinária
Vinho Instituto da Vinha e do Vinho prevê um aumento da produção na ordem dos 8% na campanha deste ano face aos valores de 2014
As previsões são animadoras. No geral, a campanha deste ano para a vindima deverá ter um aumento de 8% face à do ano passado, com o Douro e o Dão a subirem cerca de 20% na produção. A única a registar uma descida é Setúbal, mas comparável a um ano anterior excecionalmente bom. E a quantidade não virá sozinha. Todos os responsáveis do setor esperam uma “excelente qualidade”, prevendo-se que haja bons vinhos para provar em 2016.
Os dados foram apresentados pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), que estima que a produção de vinho na campanha 2015/2016 atinja um volume de 670 milhões de litros, o que se traduz num crescimento de 8% relativamente a 2014/2015. O aumento de produção é registado em quase todas as regiões, com o Douro e Porto e as Terras do Dão a anteciparem crescimentos na ordem dos 20%. Pelo contrário, a Península de Setúbal terá uma quebra de 10%.
Além de mais produção, no Dão as “expectativas são para bom vinho. As uvas estão de boa saúde e, se não chover nas vindimas, tudo correrá pelo melhor”, afirmou ao JN/Dinheiro Vivo Arlindo Cunha, presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão.
Esta região é uma das que regista uma maior subida nas previsões de colheita, o que, de acordo com Arlindo Cunha, “é uma excelente notícia, dado que a comparação é com o ano passado, quando a campanha registou uma quebra de 25%. O aumento este ano significa, no geral, que voltamos a ter uma boa média de produção”.
Previsões são falíveis
José Pereira, técnico superior do IVV, alerta que se tratam de previsões e que podem falhar, como as do ano passado, quando se previa uma subida de 1% na produção e o resultado final foi de mais 6%. Explica que os bons resultados deste ano também se devem muito às condições climatéricas. “O tempo seco permitiu que as videiras não fossem expostas a diferentes ataques de doenças, o que ajudou ao seu pleno desenvolvimento”. No entanto – e aqui fica o ditado: “até ao lavar dos cestos é vindima” –, José Pereira lembra que temperaturas muito altas até ao corte das uvas podem prejudicar a colheita. Tal como Arlindo Cunha, espera que não chova no final da campanha, “para não estragar o trabalho”.
Em quantidade e com qualidade, as uvas deverão manter os preços baixos, até porque, como refere o técnico do IVV, “será difícil negociar quando há grande quantidade de uvas”. Quanto ao preço de garrafa para o consumidor, Arlindo Cunha refere a “boa procura dos vinhos do Dão, com muita exportação”, acrescentando que “a fileira do vinho está estabilizada e internacionalizada”, mas não espera grandes alterações.