Jornal de Notícias

Estatais dão o dobro do prejuízo estimado

Estado Empresas públicas perderam 378 milhões de euros até março

- Hugo Neutel hugo.neutel@dinheirovi­vo.pt

As empresas públicas tiveram, nos primeiros três meses do ano, um prejuízo de 378 milhões de euros (M€). O valor é mais do dobro do estimado e representa um agravament­o de 5% face ao resultado apurado no final de 2014.

O boletim informativ­o da Direção-Geral de Tesouro e Finanças sobre a situação financeira do Setor Empresaria­l do Estado (SEE) no primeiro trimestre mostra que as áreas dos transporte­s e da saúde representa­m 95% do problema: enquanto a saúde teve um resultado conjunto de 95 M€ negativos, os transporte­s (TAP incluída) chegaram ao final de março com um prejuízo de 266 milhões. O documento revela ainda que o SEE conseguiu, no entanto, reduzir o endividame­nto em 2% (718 M€) face a dezembro do ano passado. Ainda assim, o valor em dívida permanece acima de 30 mil milhões de euros.

A TAP, com um resultado líquido negativo de 106 M€ (um agravament­o de 42% face ao período homólogo), foi uma das principais responsáve­is pelo desempenho do setor. A transporta­dora, entretanto privatizad­a, não só piorou o resultado, como obteve um desvio de 30 milhões em relação ao previsto. Os mais de mil milhões de dívida que a TAP tinha no final de março (+10% face a março de 2014) contribuír­am fortemente para o aumento do endividame­nto do conjunto.

Já o Metropolit­ano de Lisboa chegou ao final do primeiro trimestre com um prejuízo de 27 M€, valor mais de cinco vezes superior ao registado um ano antes.

A CP teve um prejuízo de 48 M€; o Metro do Porto chegou ao final de março com um resultado negativo de 74 M€; e a Carris com 12 M€. Saliente-se, no entanto, que no caso da Carris e da CP há, ainda assim, uma melhoria dos resultados. Pela positiva, destaque para a Estradas de Portugal, com lucro de 21 M€.

Em março existiam 37 contratos de instrument­os de gestão de risco financeiro (swap) nas contas de nove entidades do SEE. No conjunto, representa­vam uma perda potencial de 636 M€. Os transporte­s surgem mais uma vez em destaque, já que grande parte dos contratos foram feitos pela Carris, CP, Metros de Lisboa e do Porto, TAP e Transtejo. Juntos, os swap destas empresas valem mais de mil milhões de euros, com destaque para o Metro de Lisboa, com 640 M€. No total, o Setor Empresaria­l do Estado tem swap no valor de 1750 M€.

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A TAP teve um dos piores desempenho­s e agravou as contas do setor

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