Jornal de Notícias

MP investiga negócios escuros da LibertàGià

“Pirâmide” Empresa sediada em Lisboa e liderada por português pode ter burlado mais de um milhão de pessoas em 26 países com promessa de lucros de 350%

- Nelson Moirais policia@jn.pt

O Ministério Público abriu um inquérito para investigar as atividades da LibertàGià – empresa sediada em Lisboa e formalment­e liderada por um português que promovia um negócio em pirâmide e pode ter burlado mais de um milhão de investidor­es de 26 países –, mas só depois de os jornais portuguese­s replicarem uma notícia do espanhol “El País” que avançou, no último fim de semana, com informaçõe­s sobre a investigaç­ão criminal em curso em Espanha.

“Não são conhecidos inquéritos relacionad­os com a factualida­de que é objeto da notícia”, começou por responder, ontem de manhã, o gabinete de Imprensa da Procurador­ia-Geral da República (PGR), em resposta à questão colocada pelo JN no dia anterior. Já ontem à tarde, fonte da Polícia Judiciária contou, sem detalhes, que tinha ali dado entrada um processo, para investigaç­ão, do Ministério Público do Departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

Perante a contradiçã­o, o JN voltou a questionar a PGR. “A informação prestada [de manhã] foi a que foi possível obter até àquele momento. Face à factualida­de noticiada foi determinad­a a transmissã­o das notícias publicadas ao DIAP de Lisboa para instauraçã­o de inquérito, caso não tivesse sido já instaurado”, esclareceu o gabinete de Imprensa da procurador­a-geral da República, Joana Marques Vidal.

Em fevereiro, a “Proteste Investe”, da DECO, já alertara os consumidor­es para que se mantivesse­m “afastados” da empresa, e, em Espanha, foi já criada a “Plataforma de Afetados da LibertàGià”, que já reúne cerca de 500 pessoas. A adesão a esta plataforma, noticiou ontem a agência “Lusa”, implica o pagamento de 51 euros para cobrir os gastos da representa­ção legal, a cargo do escritório Lemat Abogados.

A LibertàGià terá aliciado mais de 1,8 milhões de clientes, com promessas de ganhos anuais até 350% do valor investido. O seu rosto era um antigo motorista de autocarros, Rui Miguel Pires Salvador, que vivia perto de Lisboa e está em parte incerta. Há informaçõe­s que indiciam que o português tinha por trás de si indivíduos que terão estado envolvidos em outras fraudes com esquemas piramidais no Brasil.

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Não é conhecido o paradeiro de Rui Salvador

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