Jornal de Notícias

Acordo técnico após 23 horas no Hilton

Grécia Tsipras quer que Parlamento grego aprove amanhã 35 medidas de austeridad­e. Eurogrupo reúne sexta

- Alexandra Figueira* afigueira@jn.pt AGÊNCIAS

A Alemanha alertou que as negociaçõe­s ainda decorrem e a Comissão Europeia disse que o acordo é técnico e não político, mas, depois de uma maratona negocial de 23 horas no hotel Hilton de Atenas, o primeiro-ministro Alexis Tsipras avisou o Parlamento grego que lhe enviaria ainda ontem um rascunho de 35 medidas, a aprovar amanhã. O objetivo é converter o plano de austeridad­e em lei a tempo do Eurogrupo de sexta-feira, de forma a receber a primeira tranche do terceiro resgate na próxima semana, quando se vence uma prestação ao Banco Central Europeu.

Com os bancos ainda fechados e o controlo de capitais em vigor, a perspetiva de uma recessão que este ano tirará até 2,3% à riqueza nacional (PIB) e dissidênci­as no Syriza que poderão levar a eleições antecipada­s em outubro, a Grécia concordou com 35 medidas que viabilizar­ão um empréstimo de 85 mil milhões de euros, a três anos.

Entre as medidas a tomar de imediato, noticiou a Reuters, está a capitaliza­ção da Banca e novas regras para o crédito malparado, a criação de um fundo soberano de 50 mil milhões de euros resultan- tes de privatizaç­ões para abater na dívida e reforçar os bancos, o corte de subsídios aos combustíve­is ou a liberaliza­ção do mercado de gás natural. Quanto ao Fisco, ficou de- cidido aumentar os impostos na agricultur­a, ilhas e armadores navais e criar imposto sobre o rendimento de trabalhado­res por conta própria e PME, pago à cabeça.

Prometida fica uma reforma profunda do sistema de pensões, a abertura do comércio ao domingo e a liberaliza­ção da propriedad­e das farmácias, bem como novas regras na contrataçã­o coletiva e despedimen­tos coletivos.

Mas também foram atendidas algumas reivindica­ções da Grécia. Por exemplo, este ano as contas públicas podem ter um saldo primário negativo (ou seja, ter um défice ainda antes de subtrair o valor relativo ao serviço da dívida), quando até agora a troika insistia em que tivessem um “lucro” primário de 1%. Além disso, deverão ser passadas a papel medidas concretas para renegociar a dívida pública grega, dada como impagável. Esta medida foi, mesmo, exigida pelo FMI. O plano admite que a economia helénica volte a crescer em 2017.

Acordo anunciado há um mês

Apesar de o Governo alemão dizer que prefere atrasar um bom acordo do que precipitar um mau, a Grécia insistia que só falta negociar pormenores. Ontem, Tsipras falou com a chanceler Angela Merkel por telefone, mas não eram conhecidos detalhes da conversa. O parlamento germânico é um dos que terão de aprovar o novo resgate grego.

 ??  ?? Ministros da Economia e Finanças gregos acabaram negociaçõe­s hoje de manhã
Ministros da Economia e Finanças gregos acabaram negociaçõe­s hoje de manhã

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal