Acidentes com aeronaves fazem 40 mortos em sete anos
Queda de ultraleve, ontem, vitimou duas pessoas que participavam no 13.º Encontro dos Templários. Prova prosseguiu após mortes
Com as duas vítimas de ontem num acidente com um ultraleve num festival aéreo no aeródromo de Valdonas, em Tomar, elevam-se para 40 as mortes em acidentes com aeronaves no nosso país nos últimos sete anos. Um quarto dessas mortes foi em ultraleves.
A aeronave de ontem estava a fazer a aproximação à pista, quando entrou em perda e se estatelou no solo. As vítimas tiveram morte imediata e ficaram encarceradas nos destroços. O acidente ocorreu às 9.15 horas, durante o 13.º Encontro dos Templários, promovido pela Associação Tomarense de Aviação Ultraligeira (ATAUL).
Miguel Marques, de 41 anos, piloto “com muita experiência”, estava a terminar um “voo local” e nas manobras de preparação para a aterragem perdeu o controlo da aeronave e embateu com violência no solo, deixando incrédulos os companheiros e espectadores que assistiam ao festival.
Como havia meios de socorro próximo da pista, destacados pela organização do encontro, “a assistência foi imediata” mas infrutífera, pois o piloto e o passageiro – Telmo Ferreira, de 29 anos – já estavam sem sinais vitais, segundo contou ao JN o presidente da Associação Portuguesa de Aviação Ultraleve (APAU), Paulo Cunha. Depois de retirados do amontoado de destroços, os corpos foram transportados para o Instituto de Medicina Legal de Tomar, para serem autopsiados.
Os primeiros dados recolhidos no local sugerem que pode ter havido uma falha de pilotagem momentos antes do acidente, mas só os resultados da investigação feita pelos técnicos do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) pode- rão concluir com mais certeza as verdadeiras causas desta tragédia.
Festival prosseguiu
Após a remoção dos cadáveres das vítimas, a organização decidiu prosseguir com o encontro, mas alguns pilotos inscritos, de outros pontos do país, cancelaram a sua participação. “Decidimos continuar, porque achámos que era o que eles [as vítimas] queriam que fizéssemos, que continuássemos a voar, pois é o que gostamos de fazer”, explicou Paulo Cunha.
Para o presidente da APAU, a se- gurança é uma das prioridades neste tipo de festivais, mas nem isso impede que, por vezes, os imprevistos aconteçam. “A única coisa que aprendemos com estes acidentes é a melhorar as condições de segurança e a proficiência”, adiantou o dirigente.
“Somos uma família a nível nacional e este tipo de situações deixam sempre marca”, desabafou o responsável pelo aeródromo de Valdonas, que era amigo do piloto falecido, com quem tinha feito recentemente uma viagem de ultraleve até Lagos, no Algarve.
Pedimos aos pilotos que tivessem resistência psicológica para ficarem connosco no encontro”
Paulo Cunha Pres. APAU