Tsipras forma nova coligação com conservadores
Syriza repete conquista eleitoral e volta a formar Governo com conservadores. Extrema-direita aumenta deputados graças à crise dos refugiados
Alexis Tsipras baralhou, distribuiu e voltou a ganhar o jogo da democracia na Grécia em oito meses. Depois das vitórias nas legislativas de 25 janeiro e no referendo de 5 de julho, o Syriza conquistou ontem uma maioria relativa nas eleições antecipadas. O partido de Esquerda, liderado por Tsipras, obteve 35,4% dos votos, contra os 28,3% do Nova Democracia, de acordo com os dados disponibilizados pelo Ministério do Interior, às 22 horas de Lisboa (menos duas horas do que em Atenas).
Mais uma vez, os conservadores Gregos Independentes (Anel) tornam-se a solução governativa para o Syriza, apesar da perda de votos e de lugares sofrida por aquele partido que resultou de uma dissidência do Nova Democracia. “Vamos continuar juntos”, confirmou Tsipras, no discurso de vitória, numa praça de Atenas. Uma hora antes havia reagido aos resultados na sua conta no Twitter: “Perante nós,
Cá dentro
O líder do CDS-PP, Paulo Portas, perspetivou que “os próximos anos na Grécia não serão fáceis”. “Está lá a ‘troika’, nós já dissemos adeus à troika”, frisou. João Ferreira, do PCP, considerou os resultados uma condenação dos partidos que conduziram “à subordinação da troika”. Já Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, afirmou à Lusa que se “evitou o pior cenário possível que era pôr no poder as forças partidárias da troika”. abre-se o caminho de trabalho e das lutas”.
Socialistas aumentam lugares
Tsipras precisa dos 155 deputados que reúnem as duas forças políticas (num Parlamento de 300), para que seja aprovado, já em outubro, um pacote de medidas de austeridade, negociadas com as instâncias europeias. Ainda este mês, o primeiro-ministro necessitará de identificar os setores da economia a liberalizar, como comprometido.
Quando já estavam apuradas 83% das mesas de voto, o Syriza tinha 145 deputados – menos quatro em relação a janeiro –e o Nova Democracia 75 – menos um. O partido de extrema-direita Aurora Dourada teve 7%, passando de 17 para 18 eleitos, o valor mais elevado desde que foi criado, em 2007. Aliás, uma votação que terá resultado da forte campanha antimigração e refugiados levada a cabo.
Os socialistas do PASOK, coligados com a Esquerda Democrática (DHMAR), conquistaram mais três deputados, ficando com 16. Os comunistas sofreram um revés e perderam um eleito, passando a 14. O To Potami (O Rio) atingiu os 11 lugares – perdeu seis. Os Gregos Independentes ficam com 10 assentos (menos três). E o União de Centristas, criado em 1993, estreia-se com nove lugares.