Jornal de Notícias

Igreja paga 249 mil por morte em poço

Supremo Tribunal de Justiça decide indemnizaç­ão para família de caçador afogado há 10 anos

- Nuno Miguel Maia nunomm@jn.pt

Fábrica da Igreja Paroquial de Santa Eufémia, concelho de Pinhel, distrito da Guarda, foi condenada a pagar 249 mil euros de indemnizaç­ão à família de um caçador falecido por afogamento no fundo de um poço de água. A instituiçã­o é proprietár­ia de um terreno destinado à caça e deveria ter prevenido o acidente, vigiando e resguardan­do o local, argumentam os juízes do Supremo Tribunal de Justiça.

A morte ocorreu a 7 de novembro de 2004. Fernando Romeiro iniciou pelas 7 horas uma jornada de caça com um grupo de amigos. Mas pelas 8.30 horas constatou-se o seu desapareci­mento. O caçador só viria a ser encontrado no dia seguinte, sem vida, no fundo de um poço do terreno. A arma estava ao lado do poço, coberto por vegetação e de muito difícil deteção. Terá sido isso, aliás, que traiu a vítima.

A mulher e o filho de Fernando processara­m a Fábrica da Igreja Paroquial de Santa Eufémia, proprietár­ia do terreno, e ainda a EDM - Empresa Desenvolvi­mento Mineiro, que explorou enquanto arrendatár­ia, durante vários anos, minas naquele espaço. Exigiam 416 mil euros.

Em primeira instância, foi negada qualquer indemnizaç­ão aos herdeiros da vítima. Estes recorreram para o Tribunal da Relação de Coimbra, que condenou a Fábrica da Igreja Paroquial e a empresa mineira a pagar 249 mil euros. Mas o Supremo Tribunal de Justiça manteve apenas a condenação da Fábrica da Igreja Paroquial de Santa Eufémia, absolvendo a empresa de exploração mineira.

Para condenar, os juízes argumentar­am que a Fábrica da Igreja Paroquial deveria ter resguardad­o e coberto o poço, de nada valendo o facto de não utilizar o local há 30 anos, pois continuou a ser dona.

Já a empresa EDM foi ilibada porque tinha restituído o terreno há 19 anos à proprietár­ia.

Por outro lado, a lei que obriga os proprietár­ios a resguardar os poços só entrou em vigor dois anos antes do acidente.

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Poço estava, em 2004, camuflado num terreno em Santa Eufémia, Pinhel

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