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André André decide e deixa as águias a quatro pontos

- Norberto A. Lopes norberto.a.lopes@jn.pt

Muitas vezes, para se ganhar um clássico é preciso ter mística. Ter um pouco de sangue na guelra, correr mais do que os outros, ir buscar forças ao infinito e acreditar sempre. No futebol, há cada vez menos jogadores assim, mas André André ainda é um representa­nte dessa casta para quem os limites nunca existem. Foi ele quem deu o triunfo ao F. C. Porto, numa jogada soberba entre Varela e Brahimi, a aproveitar um buraco na defesa do Benfica. A quatro minutos do fim, o Dragão respirava de alívio e Lopetegui cerrava os punhos com o primeiro triunfo sobre o eterno rival. Ainda há muito campeonato pela frente, mas os quatro pontos de vantagem sobre as águias podem fazer pesar a balançar nas próximas batalhas.

Os jogadores com mística sabem sofrer e os azuis e brancos também tiveram de sofrer e ter a eficácia necessária na fase final do encontro, porque o F. C. Porto foi uma equipa de luzes e de sombras, muitas vezes andou pelo céu e outras pelo inferno. Na primeira parte, foi quase um avião sem asas com sérias dificuldad­es para criar lances de perigo e abrir o jogo pelos corredores laterais, onde poderia fazer brechas na concentrad­a defesa do Benfica. Faltaram flanqueado­res, porque Corona vagueou nas costas de Aboubakar e Brahimi talvez tenha feito um dos piores jogos de dragão ao peito.

O Benfica agradeceu a falta de ideias dos dragões. Rui Vitória recheou o meio-campo com André Almeida perto de Samaris e o internacio­nal português até foi uma das melhores unidades para preencher o miolo e lançar a velocidade de Gaitán. O argentino prometeu muito com dribles e simulações, mas jogou pouco. Os encarnados respiravam serenidade e os dragões eram uma equipa ansiosa e sem ninguém a ligar o jogo. Chegou o intervalo com os encarnados a colecionar­em as melhores oportunida­des: Mitroglou, por duas vezes, obrigou Casillas a aplicar-se.

No segundo tempo, foi preciso puxar pela mística, ganhar inspiração, correr mais do que adversário e ter uma enorme alma para vergar o Benfica. Os portistas mandaram no jogo nesta fase, tiveram mais iniciativa e registaram as melhores oportunida­des, perante uma águia incapaz de aquecer as mãos de Casillas e que reagia através da velocidade de Gon-

çalo Guedes. Logo a abrir o pano, Aboubakar mandou uma bola ao ferro e, pouco depois, só não marcou porque escorregou. Tudo isso foi dando gás à equipa da casa.

Lopetegui ganhou o primeiro clássico ao Benfica, mas ainda tem um longo caminho a percorrer, porque a troca de Aboubakar por Osvaldo revelou um enorme conservado­rismo do treinador, que manteve o desinspira­do Brahimi até ao fim. A mística, a eficácia e uma grande segunda parte dos dragões fizeram toda a diferença. Não é assim André André?

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No reencontro de Maxi com o Benfica, André André foi a figura de um jogo em que Casillas mostrou serviço sempre que foi chamado
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