Jornal de Notícias

Processos disciplina­res na GNR para quem protestou por estatuto

Polémica Presidente da APG já foi notificado e oficiais também poderão ser visados na véspera de contestaçã­o da Guarda marcada para o próximo dia 2

- Carlos Varela carlos.varela@jn.pt

O Comando-Geral da GNR está a abrir processos disciplina­res a dirigentes associativ­os, na sequência dos protestos públicos para exigir um estatuto para a GNR, apurou o JN. O Comando-Geral não quis comentar o caso, alegando que se trata de matérias no âmbito da justiça, mas o JN sabe que pelo menos o presidente da Associação dos Profission­ais da Guarda (APG), César Nogueira, já foi notificado do inquérito.

Outros processos disciplina­res estarão em preparação para outros dirigentes e alguns dos alvos poderão ser mesmo oficiais. Será a primeira vez que tal acontece a esses oficiais, oriundos da Academia Militar e preparados para serem os futuros comandante­s da GNR.

As razões concretas que conduziram às medidas não são ainda conhecidas, mas estarão ligadas a declaraçõe­s proferidas por dirigentes associativ­os, em que liga- vam o não avançar dos estatutos a pressões por parte da hierarquia das Forças Armadas. Por outro lado, em causa poderá estar também o facto de as associaçõe­s terem apelado a uma atitude “pedagógica” por parte do dispositiv­o em relação a infrações de trânsito, se bem que tenha ficado sempre claro que as situações graves não iam ficar abrangidas.

Os processos terão sido decididos pelo comandante-geral da GNR, mas a medida, de natureza disciplina­dora, poderá agravar ainda mais o ambiente na Guarda, que viu o Governo aprovar o estatuto para a PSP e deixar por aprovar o da GNR.

“Tentativa de intimidaçã­o”

César Nogueira confirmou, ao JN, ter sido já notificado do processo disciplina­r, mas entende-o como “uma tentativa de intimidaçã­o, que não vai surtir efeito”. O presidente da APG defende, no entanto, que as declaraçõe­s que foram prestadas foi “enquanto dirigente assovogada, ciativo”, algo que entende estar coberto pela lei.

Quanto ao facto de os processos surgirem quando as associaçõe­s preparam a manifestaç­ão de dia 2 de outubro, o presidente da APG comenta: “Não vai ter efeitos. As várias associaçõe­s estão juntas na realização da manifestaç­ão e é para ser feita a todo o vapor”.

Esta semana mais dirigentes poderão vir a ser notificado­s, numa situação criada quando as várias associaçõe­s, com exceção dos sargentos, se reuniram no Porto para chegar a um consenso para ações de protesto comuns. Foi daí que, por exemplo, saiu a atitude “pedagógica” às infrações de trânsito.

É uma situação que, no entanto, não terá já efeitos práticos para o atual Executivo e cairá na sua totalidade no próximo Governo. Aliás, as associaçõe­s decidiram cancelar um conjunto de protestos até às eleições, uma vez que entenderam que já não teriam efeitos práticos.

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GNR contesta decisão da ministra Anabela Rodrigues de não aprovar estatuto

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