Semiperiferia
Na abertura de curso organizado pela Confraria Queirosiana, em Gaia, um conhecido sociólogo abordou o modo como o Norte de Portugal reflete as contradições próprias da semiperiferia, onde o melhor convive com o pior. De facto, temos empresas inovadoras e lugares inspiradores. Mas também (demasiadas) empresas que (sobre)vivem à custa de trabalhadores mal pagos e lugares que parecem saídos do filme “Feios, porcos e maus” de Ettore Scola.
Quando a política ganha nova vida, depois da ditadura do “economês”, importa valorizar o que é de facto importante, enquanto se trata do que é urgente. A ver se chegamos ao “centro” e deixamos os sinais de subdesenvolvimento.
Sendo as pessoas o mais importante, faz falta que nos preocupemos mais com a educação – na escola e mais ainda em casa – e que cada um de nós procure sempre aprender e incentivar quem não se esforça, como professores e escolas que oferecem a nós, aos nossos filhos, ou netos, a avaliação que esperamos e não a aprendizagem que merecem(os).
Mas também nas empresas e outras instituições a educação é essencial, junto com a formação (séria) que deve começar pelos dirigentes, que têm de perceber a vantagem de se envolver com todos na promoção de riqueza e bem-estar.
Falou-se também no Solar de Condes de Resende da importância da coesão territorial. E de como entristece ver como o Governo aproveitou as verbas destinadas ao Norte, por exemplo, em escolas cuja construção ou beneficiação é da sua competência, ou como na distribuição das migalhas se revela a falta de cooperação entre autarcas.
Além disso, o pior da semiperiferia revela-se também na reação a soluções de governo habituais no Centro, como as que existem hoje na Alemanha (com acordo entre os dois maiores partidos), ou Noruega (em que o mais votado não está no poder).