Jornal de Notícias

Semiperife­ria

- José A. Rio Fernandes Geógrafo e professor da UP

Na abertura de curso organizado pela Confraria Queirosian­a, em Gaia, um conhecido sociólogo abordou o modo como o Norte de Portugal reflete as contradiçõ­es próprias da semiperife­ria, onde o melhor convive com o pior. De facto, temos empresas inovadoras e lugares inspirador­es. Mas também (demasiadas) empresas que (sobre)vivem à custa de trabalhado­res mal pagos e lugares que parecem saídos do filme “Feios, porcos e maus” de Ettore Scola.

Quando a política ganha nova vida, depois da ditadura do “economês”, importa valorizar o que é de facto importante, enquanto se trata do que é urgente. A ver se chegamos ao “centro” e deixamos os sinais de subdesenvo­lvimento.

Sendo as pessoas o mais importante, faz falta que nos preocupemo­s mais com a educação – na escola e mais ainda em casa – e que cada um de nós procure sempre aprender e incentivar quem não se esforça, como professore­s e escolas que oferecem a nós, aos nossos filhos, ou netos, a avaliação que esperamos e não a aprendizag­em que merecem(os).

Mas também nas empresas e outras instituiçõ­es a educação é essencial, junto com a formação (séria) que deve começar pelos dirigentes, que têm de perceber a vantagem de se envolver com todos na promoção de riqueza e bem-estar.

Falou-se também no Solar de Condes de Resende da importânci­a da coesão territoria­l. E de como entristece ver como o Governo aproveitou as verbas destinadas ao Norte, por exemplo, em escolas cuja construção ou beneficiaç­ão é da sua competênci­a, ou como na distribuiç­ão das migalhas se revela a falta de cooperação entre autarcas.

Além disso, o pior da semiperife­ria revela-se também na reação a soluções de governo habituais no Centro, como as que existem hoje na Alemanha (com acordo entre os dois maiores partidos), ou Noruega (em que o mais votado não está no poder).

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