Jiadistas ameaçam Rússia e América
Síria Intensificação de raides irrita Estado Islâmico. Putin volta a queixar-se de falta de cooperação dos EUA
O autodenominado Estado Islâmico (EI) garantiu ontem que a Rússia “vai ser vencida” na Síria, e apelou “aos muçulmanos em todos os locais para lançarem a guerra santa contra os russos e contra os americanos”, para responder a “uma guerra dos Cruzados contra os muçulmanos”.
Em mensagem através de sítios islamitas na Internet, o porta-voz do EI, Abou Mohamed al-Adnani, acusou os Estados Unidos da América de serem “fracos e impotentes” e de “apelarem” à Austrália, à Rússia, à Turquia e ao Irão para os ajudarem “na sua guerra contra o EI”.
A Rússia, que anteontem anunciou ter desmantelado um grupo terrorista treinado pelo EI para atentados no seu território e ontem viu a sua embaixada em Damasco atingida por dois obuses, intensifica os ataques. E critica os EUA.
O presidente Vladimir Putin lamentou nunca ter recebido respostas às questões colocadas aos EUA. “Pedimos-lhes para nos darem os alvos que consideravam como 100% terroristas, Nenhuma resposta. Refletimos e perguntámos: ‘Onde não se deve atacar?’. Continuámos sem resposta”.
“Dizem-nos que lançaram de paraquedas munições dirigidas ao Exército Sírio Livre. Mas onde está esse Exército Sírio Livre?”, acrescentou, esperando que “não caiam nas mãos de terroristas”.
O Ministério da Defesa russo anunciou que a sua aviação bombardeou “86 alvos terroristas” nas últimas 24 horas, um nível de intensidade nunca atingido desde o início da sua intervenção em 30 de setembro.
Bombardeiros táticos e aviões de apoio ao solo atingiram alvos nas províncias de Raqa (leste), Hama (centro), Idleb (noroeste), Lattaquie (noroeste) e Alepo (noroeste) e terão destruído postos de comando, depósitos de munições e de armamentos, veículos militares, armazéns de fabrico de explosivos e campos de treino do EI.
Moscovo afirma que os raides têm o EI como objetivo prioritário, mas os ocidentais contrapõem que a maioria dos ataques se concentra em zonas onde os jiadistas estão ausentes, atingindo antes a oposição moderada e a Frente Al-Nursa.
Ontem, o líder deste ramo sírio da Al-Qaeda, Abu Mohamed al-Jolani, pediu aos jiadistas no Cáucaso para atacarem civis e soldados russos em retaliação contra Moscovo.