Cartas, emails e posts
Desordem mundial
Na Síria, as grandes potências mostram que os velhos vícios não morrem facilmente. Os Estados Unidos vão lá e lançam umas bombas, os franceses fazem o mesmo e os russos, entediados na Ucrânia, decidem também ir até lá, para experimentar os seus brinquedos. Aquilo a que, em tempos, se chamou “nova ordem mundial” não parece, afinal, muito diferente da velha desordem.
E quem ajuda os portugueses?
Vão dar todas as regalias ao novos migrantes... E o que é que vai sobrar para os muitos portugueses que se encontram na miséria? Eu não estou contra as ajudas aos migrantes, mas, a fazer bem, não vamos excluir os portugueses que estão abaixo do limiar da pobreza. Por que não se faz um concerto com artistas nacionais cujas receitas revertam a favor desses tais portugueses necessitados? Por que é que, nos jogos da Liga dos Campeões, 5% da receita não são atribuídos a todos os europeus que vivem em extrema pobreza? Vamos dar aos outros aquilo que não damos aos nossos. Mais de 60% dos portugueses rejeitaram nas urnas as políticas de austeridade sem fim à vista e a desgraçada teoria neoliberal de que “o empobrecimento é uma urgência, é uma emergência”. Longe da maioria “boa”, a caravana da coligação de direita não saiu à rua, estacionou no parque dos sorrisos amarelos de Passos e nos enigmáticos recados de Portas. Foi uma vitória de Pirro. E o que fazer, quando se tem que dobrar a crista da arrogância e prestar contas a terceiros que em maioria protestam contra a austeridade e a má governação? Quando se está de boa fé, ainda que a contragosto, aceita-se a vontade do povo. Quando o perfil dos protagonistas cultiva o género do
Devem achar que as pessoas trabalham para passar o tempo e ainda exigem amor a camisola”
“quero, posso e mando”, constrói-se uma teia de pequenos truques de retórica política e febris falácias, para continuar a iludir os correligionários e os incautos. Ganhando, a direita perdeu em toda a linha: perdeu a maioria no Parlamento; perdeu a presidência da Assembleia da República; perdeu a impunidade da tirania de ir para além da troika e de continuar a encher os cofres do Estado à custa da desumanidade que o brutal aumento de impostos impôs, durante quatro anos, a nove milhões de portugueses; e vai perder, dentro de dias, um presidente da República que deu cobertura a todos os desmandos e malfeitorias políticas. A coligação de direita sabe que está a prazo, que apenas tem validade por seis meses e sabe que pairam sombras negras
O bloco central resistiu
Há anos que Cavaco Silva fala na necessidade de entendimento entre PSD, CDS e PS, para as reformas de que o país precisa. A 4 de outubro, os eleitores deram-lhe razão. Apesar de quatro anos de austeridade, da privatização da TAP, dos lesados do BES, etc., Passos foi reeleito. E o bloco central resistiu e teve cerca de 70% dos votos. A vitória do BE foi incidental. É uma espécie de PRD. Sócrates também perdeu, indiretamente: o seu grande defensor Marinho Pinto foi derrotado (na mesa onde Sócrates votou, Marinho Pinto deve ter tido pelo menos um voto). O “fim da austeridade” do PS vai ser igual ao de Hollande, de Tsipras e até de Dilma.