Numa república democrática não há coroação nem nomeação. Há eleição”
Presidenciais Candidata diz que programa do PR é o cumprimento da Constituição
Maria de Belém Candidata à Presidência
Foi com recados a Cavaco Silva e a Marcelo Rebelo de Sousa que Maria de Belém apresentou ontem a sua candidatura à Presidência da República. Sem aludir o nome de nenhum dos dois, a socialista frisou, em relação ao primeiro, que “o mandato é claro: o programa do presidente da República é fazer cumprir a Constituição”.
Logo a seguir, a candidata garantiu que não quer que o seu juramento (caso vença) “seja uma formalidade vazia” e que a Constituição “não confere” ao presidente poderes para cumprir o mandato de um governo. Mais à frente voltou ao tema, acrescentando que os cidadãos “esperam maturidade e visão política e não um programa político, que nem a Constituição determina nem a sociedade exige”.
Maria de Belém sublinhou que a decisão de se candidatar foi “profundamente amadurecida e assumida com autonomia” e que se candidata para “disputar a vitória”. “Numa república democrática, não há coroação nem nomeação. Há eleição”, disse, em desafio a Marcelo Rebelo de Sousa , que lançou a sua candidatura na semana passada e a quem as sondagens dão preferência.
Recorde-se que a candidatura de Maria de Belém é a terceira da área socialista a chegar, depois de Henrique Neto e Sampaio da Nóvoa, e que o PS não vai apoiar nenhum candidato, enquanto que, para já, Marcelo é o único a avançar pela Direita.
Para uma plateia cheia de nomes sonantes do PS – como o ex-candidato presidencial Manuel Alegre, o
Maria de Belém presidente honorário do partido, Almeida Santos, os antigos ministros Vera Jardim, Marçal Grilo, Jorge Coelho e Nuno Severiano Teixeira, e muitos nomes de dirigentes da liderança de António José Seguro –, Maria de Belém prometeu estar atenta aos mais vulneráveis, elegendo como prioridades o combate à pobreza e às desigualdades.
No seu entender, o crescimento económico de que Portugal precisa “não é incompatível” com a “defesa da coesão territorial e com a diminuição das desigualdades”. Maria de Belém destacou ainda o papel que “a economia social e solidária pode desempenhar”.
Sobre política externa, Belém afirmou que o país deve “defender no âmbito da União Europeia a igualdade entre estados-membros e “fazer tudo o que estiver ao seu alcance” para completar uma união política europeia”.
Maria de Belém Roseira tem 66 anos, nasceu no Porto, estudou em Coimbra e trabalha em Lisboa. Foi ministra nos dois governos de António Guterres, primeiro como titular da pasta da Saúde, depois como ministra da Igualdade.
A sala Sophia de Mello Breyner, no Centro Cultural de Belém, foi pequena para a quantidade de apoiantes. Entre caras mais ou menos conhecidas estavam o ex-presidente da Câmara de Oeiras Isaltino Morais, o médico António Vaz Carneiro e os jornalistas Maria Elisa e Mário Crespo.
Portugal precisa de um presidente independente e que saiba dar voz às pessoas mais frágeis da sociedade”
Não nasci ontem para a política. Fui presidente do PS, partido da liberdade e dos valores humanistas”