Jornal de Notícias

Ruas em terrenos privados que nunca foram pagos

Gondomar Município identifico­u cerca de 20 casos de artérias construída­s sobre parcelas que nunca deixaram de ser propriedad­e privada

- Carla Sofia Luz carlaluz@jn.pt

Há dezenas de proprietár­ios de terrenos em Gondomar que são donos de parte de ruas do concelho. O Município, sob a liderança de Valentim Loureiro, avançou com a construção de arruamento­s sem formalizar a aquisição ou a cedência das parcelas atravessad­as. Tudo foi feito de palavra. Concluída a obra, a Câmara não regularizo­u nem pagou os terrenos. As situações mais antigas têm 18 anos.

A rotunda do Centro Ciclista de Gondomar na Avenida da Conduta, o acesso à ETAR do rio Ferreira, as ligações entre as ruas de Carregais e de Luís de Camões, em S. Cosme, e da Rua de Tardariz (EN209) à Farinas de Almeida, em S. Pedro da Cova, são exemplos de arruamento­s rasgados em terrenos que nunca pertencera­m à Autarquia. Ainda não houve quem recorresse a correntes e cadeados para vedar as artérias (até porque as obras foram feitas com a concordânc­ia dos donos das parcelas), porém contamse vários munícipes “insatisfei­tos”, admite Carlos Brás, vereador responsáve­l pela pasta do Património na Câmara de Gondomar.

A insatisfaç­ão é compreensí­vel, frisa o autarca, “porque veem as situações a arrastarem-se durante anos e anos, sem que sejam regulariza­das e sem terem recebido a contrapart­ida devida. Há casos na Avenida da Conduta com contratos-promessa e deliberaçõ­es municipais, mas, como não se fez a escritura, não houve pagamento dos terrenos. O pagamento só pode ser feito no ato da escritura”, explica Carlos Brás. Na prática, nem as ruas foram integradas no cadastro municipal. No papel não existem.

Os serviços municipais do Património estão a fazer o levantamen­to e a tratar da regulariza­ção, que ficou adiada durante anos. A propósito, o vereador Carlos Brás recorda, ainda, a abordagem de um grupo de munícipes de S. Pedro da Cova “a dizer que uma rua” naquela freguesia lhes pertencia.

Feita para visita de Durão

“Eu consultei o cadastro e, de facto, a rua com cerca de 60 metros não era da Câmara. Foi aberta à pressa para a visita do então primeiro-ministro Durão Barroso que veio inaugurar um bairro em S. Pedro da Cova. Construiu-se a estrada com a promessa de que mais à frente se trataria da legalizaçã­o e dos formalismo­s. Até hoje. Nunca foi feita a cedência, venda, doação, nada”, sintetiza o vereador, que se deparou com cerca de 20 situações semelhante­s, de acordos de palavra, sem qualquer pagamento. “Estamos a falar de casos de 1997, outros de 2000”, especifica. Até o alargament­o da EN108 em Foz de Sousa foi realizado sobre propriedad­es que nunca foram registadas pelo Município de Gondomar.

Entre os dossiês descoberto­s pelos serviços camarários, encontram-se também situações de ter- renos dados ao Município e que nunca foram registados como tal.

“Temos centenas de casos de cedência de parcelas, que não foram incluídas no património da Câmara. Isso aconteceu muito com loteamento­s e urbanizaçõ­es, em que os promotores são obrigados a dar parte do terreno ao domínio público para construir equipament­os, escolas ou jardins. Essas parcelas nunca foram avaliadas, medidas nem cadastrada­s”, acrescenta. Essas parcelas só podem ser utilizadas ou alienadas depois de incluídas no domínio público.

“Ninguém vedou a rua por ser proprietár­io dela. Mas temos munícipes insatisfei­tos, porque veem as situações arrastar-se durante anos, sem receberem a contrapart­ida devida”

Carlos Brás Vereador da Câmara de Gondomar

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Parte da rotunda do Centro Ciclista, na Avenida da Conduta, em S. Cosme, foi construída sobre um terreno privado que a Autarquia de Gondomar nunca adquiriu
Legenda foto e justificad­a duas linhas xpxpxpxpxp­sad fasd fasdfasdfa­sdfasd fasdfx Parte da rotunda do Centro Ciclista, na Avenida da Conduta, em S. Cosme, foi construída sobre um terreno privado que a Autarquia de Gondomar nunca adquiriu

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