“Se tivesse alternativa deixava o ensino”
Docente há 18 anos, Patrícia Duarte, de Ílhavo, percorre diariamente a distância até ao Porto, onde foi colocada este ano letivo com horário completo. “Geralmente saio de casa às 6.30 horas e regresso entre as 18.30 horas e as 19 horas”, conta. Primeiro, faz a viagem de carro até à estação ferroviária de Aveiro, onde apanha o comboio regional para o Porto. Na Invicta, apanha o metro e finaliza o percurso com uma caminhada de 10 minutos até à entrada da Escola Fontes Pereira de Melo. “Optei por usar transportes públicos, porque sai mais barato e evito o trânsito no Porto. Demoro 1.45 horas para cada lado. São cerca de 75 euros do passe de comboio, 32 do metro e o combustível para chegar à estação”, explica, sublinhando, que a sua história “não é a pior”, comparada com outros colegas de profissão que conhece. Quando termina as tarefas de apoio à família e se senta para preparar as aulas do dia seguinte, já são 22 horas e está “exausta”, confessa. “É uma grande instabilidade familiar e ando sempre stressada. Nem tempo tenho para ir falar com os professores dos meus filhos”, diz, percebendo a ingrata ironia da situação. Nos anos anteriores, Patrícia Duarte foi conhecendo o país. De Ferreira do Alentejo a Bragança, de Covilhã ao Montijo, passando pelo arquipélago da Madeira, há muitas escolas, quilómetros e horas de viagem no seu currículo. “Que vida é esta?”, interroga-se. E em seguida confessa: “Se tivesse alternativa, deixava o ensino”. As voltas que a profissão de professora a obrigam a dar, deixam-lhe pouco tempo para o outro grande papel da sua vida: ser mãe de Marta, de 8 anos, Mia, de 5, e Matias, de 3.