Sistema vai ajudar na prevenção de mortes por frio
Objetivo é alertar instituições para para picos de afluência. No inverno passado, houve 5500 mortes em excesso, 17% devido a baixa temperatura
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) vão lançar, já no próximo mês, um teste-piloto nos distritos do Porto e de Lisboa, para ajudar a prevenir o excesso de mortalidade associado ao frio extremo. No último inverno, houve 5500 mortes em excesso, das quais 17% provocadas pelo frio.
O Friesa é um sistema que, com base na conjugação de variáveis meteorológicas (temperatura, humidade, entre outras) com variáveis sobre as causas de mortalidade, prevê diariamente o risco de mortes associadas ao frio.
Se os efeitos prováveis sobre a mortalidade forem elevados, o sistema emite alertas para diversas instituições, desde a área da saúde à segurança social, passando por autarquias e comunicação social, entre outros.
“Este sistema, uma vez implementado, facultará aos decisores na área da saúde, em especial da saúde pública, informação atempada que apoie a preparação e adequação dos níveis e tipos de intervenção em situações de perigosidade associadas ao frio extremo com efeitos na saúde”, refere o INSA numa nota publicada na página da internet.
Na prática, o Friesa estará para as ondas de frio como o Ícaro está para as ondas de calor, explicou, ao JN, o presidente do INSA. Fernando Almeida adianta que a escala de risco terá quatro níveis, desde o efeito nulo sobre a mortalidade até ao efeito muito provável, passando pelo pouco provável e provável.
Previsão de nove dias
A previsão será diária e vai até aos nove dias seguintes. Com aqueles indicadores, as instituições, nomeadamente os hospitais e centros de saúde, poderão organizar-se para não serem surpreendidos por picos de afluência, como aconteceu no ano passado em algumas urgências do país.
O projeto, financiado pela Fundação Ciência e Tecnologia, vai ser testado este inverno e, “se for robusto do ponto de vista técnico e científico”, será alargado a todo o país no inverno seguinte, esclareceu Fernando Almeida.