Jornal de Notícias

1700 disputam 200 vagas no Estado

- EMPREGO LUCÍLIA TIAGO

Os cortes salariais, o congelamen­to das carreiras ou a redução das férias não são suficiente­s para tirar brilho à estabilida­de do emprego na função pública. Prova disso mesmo são as cerca de 1700 candidatur­as às 200 vagas do Curso de Estudos Avançados em Gestão Pública (CEAGP). Dirigido a técnicos superiores, o curso garante a entrada nos quadros da administra­ção pública, para uma carreira que oferece 1201 euros de salário inicial. Para lá chegar, é preciso terminar com pelo menos 12 valores.

Criado com a missão de rejuvenesc­er os quadros do Estado e promovido pelo Instituto Nacional de Administra­ção, o CEAGP vai na 16.ª edição, sendo que antes houve um número tão grande de vagas (as 200 disponívei­s foram fixadas mediante as necessidad­es identifica­das pelos serviços) nem tantos interessad­os. Os 1665 que, segundo os dados avançados ao JN/Dinheiro Vivo pelo Ministério das Finanças, entregaram candidatur­a, comparam com os 1019 e 773 das duas edições anteriores.

O número não surpreende João Cerejeira, economista da Universida­de do Minho, que aponta o valor que as pessoas dão a um emprego estável. “O mais aliciante neste curso é que dá entrada num emprego que não é a termo”, refere, acentuando que “o valor de um contrato de trabalho não está apenas no salário, mas na duração”.

O CEAGP custa cerca de cinco mil euros em propinas, o que leva os sindicatos a mostrarem reservas a esta forma de entrada na função pública. “Não há um acesso universal à administra­ção pública, que era garantido pelo concurso público”, sublinha Helena Rodrigues, do STE. José Abraão, do Sintap, acredita que é a “promessa de estabilida­de por comparação com a facilidade com que se despede no setor privado”,

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal