Casal ia à droga de comboio
Braga Rede desmantelada pela GNR na Operação Nado tentava iludir a Polícia com nomes de código e usando transportes públicos
A Operação Nado, da GNR, desarticulou na semana passada uma alegada rede de tráfico de droga em Braga e em outros concelhos minhotos que tinha métodos invulgares - um deles era utilizar os transportes públicos para iludir as autoridades. Dois dos seus membros, um casal, chegavam a ir de comboio ao Porto abastecer-se de droga. Outro método: falavam entre si em código. Cinco dos vinte detidos nessa operação foram enviados para prisão preventiva.
Só que a investigação da GNR de Braga conseguiu “trocar as voltas” a este grupo, que atuava principalmente na área urbana da Cidade dos Arcebispos, pelo menos há cerca de meio ano
Um homem conhecido pela alcunha de “Shima”, que residia na freguesia do Bonfim, no Porto, abasteceria de resina de canábis e de ecstasy, nas imediações da Estação de Campanhã, o casal – “Batman” e a sua companheira –, que se deslocava de comboio desde Braga.
Noutras vezes, o mesmo casal de Braga seria abastecido na zona histórica do Porto, numa residência junto à Torre dos Clérigos.
Em Braga, o casal contaria com a colaboração de dois “vigilantes”, também detidos pela GNR, a quem competiria, entre outras tarefas, evitar serem vistos pelos agentes da PSP, quando se deslocavam a certos locais e nas entradas e saídas da residência deste casal.
Droga e nomes em código
O terreno acidentado dos bairros sociais do Monte Picoto e de Nogueira da Silva, em frente ao Estádio 1.º de Maio, facilitariam a mobilidade do grupo agora desmantelado pela GNR. O Monte Picoto já teve um posto da PSP, que foi encerrado em 2002, por ordem da sua direção nacional, na sequência de ataques a agentes ali em serviço: uma agente foi desarmada e viu ser-lhe apontada a sua própria pistola de serviço e outro agente foi ameaçado com navalhas.
Nas escutas telefónicas aos principais suspeitos, a GNR detetou códigos sempre que se referiam à droga. Cocaína seria designada por “primas” e “camisolas brancas”, enquanto à canábis chamariam “pretas”, “inteira”, “neia” e “marcas de carros”. Para se referirem ao ecstasy (MDMA) seria “Mário Dias”, “Primo Mário” e também “Primos”. Já as placas de resina de canábis seriam, por sua vez, designadas como “martelinhos”.
Numa primeira fase, o Núcleo de Investigação Criminal (NIC) da GNR de Braga teve de apurar quem eram afinal os suspeitos que se tratavam ao telefone somente por alcunhas. De “Irmão do Morto” até “Croquete” e “Só Vídeo”, passando por “Rato” e “Bi”, foram várias alcunhas com que se confrontaram os investigadores criminais da GNR de Braga.