Familiares acusam lar de maus-tratos
Évora Denúncias de falta de cuidados e de agressões entre utentes em unidade da Misericórdia de Alcáçovas. Provedor nega
Falta de cuidados básicos de saúde, agressões entre idosos e maustratos verbais. A denúncia partiu de familiares de utentes do Lar da Santa Casa da Misericórdia de Alcáçovas, Viana do Alentejo, no distrito de Évora. António Baguinha, provedor da instituição, nega todas as acusações e diz que tudo não passa de “uma “embrulhada” que a filha de um utente “habilidosamente prepara”.
A visada, Cristela Caixinha, assume não ter problemas em dar a cara e mostra ao JN fotos que, diz, serem a prova de que o lar não cuida convenientemente dos utentes. “Falo em nome de muitos outros, que, por medo de represálias, têm receio de denunciar estas situações”, assegura.
Foi há cerca de um mês que, durante uma visita rotineira, Cristela e uma prima encontraram a mãe desta, uma senhora de 92 anos, com os peitos todos negros. “Ficámos chocadas quando levantámos a camisola e a vimos naquele estado. A minha prima chamou a responsável de serviço e esta não soube explicar o que se teria passado e nada estava registado no livro de ocorrências”, conta.
Em nota escrita enviada ao JN, o provedor diz que “a senhora apresentou uma hematoma no peito” e que “existe um relatório da médica declarando ser um traumatismo posicional de um peito” e que “mais tarde “voltou ao hospital, por ter aparecido no outro peito”.
Pai com orelha cortada
Cristela lembra o dia em que encontrou o pai, David Caixinha, com uma orelha cortada, na sequência de uma alegada agressão por parte de outro utente. “Descobri por acaso, sem que ninguém do lar tenha informado a família”, diz. António Baguinha não nega o sucedido. Destaca apenas que a queixosa “se esqueceu de que no dia imediato o pai agrediu um idoso”. Há também quem acuse o provedor de maus-tratos verbais aos utentes. Um habitante, que solicitou o anonimato, diz que, há tempos, António Baguinha impediu um utente com problemas psiquiátricos de almoçar, por chegar atrasado. “Tirou-lhe o prato e os talheres da frente e disse-lhe que ficava sem comer”, revela. O provedor volta a negar e diz que foi “a encarregada, que achou por bem chamar a atenção ao utente, por este chegar sempre atrasado ao refeitório”.
Outros familiares com quem o JN contactou queixam-se de falta de informação sobre as ocorrências do género das descritas.
A par de Cristela Caixinha, também João Fitas, de 65 anos, que habita numa casa cedida pela Misericórdia há 25 anos, dá a cara para acusar o provedor de ofensas. “Insultou-me. Chamou-me nomes que visavam a minha sexualidade”, conta. António Baguinha defende-se e diz que apenas falou com João Fitas uma vez e para lhe exigir “muitas rendas em atraso”.
Cristela Caixinha partilhou inclusive nas redes sociais fotos das situações que considera mais graves. Já o responsável pela instituição alega que “essa senhora está ressentida com a Mesa Administrativa do mandato anterior, por não ter feito contrato com ela como empregada”.