Cartas, emails e posts
Por que não o voto eletrónico?
A dimensão da abstenção nas recentes eleições legislativas despertou algumas consciências, que têm alimentado discussões nos média, sobressaindo as sugestões para a introdução do voto eletrónico que parece ser uma panaceia para o problema. Enfileirando no cortejo dos que se alarmam com a tendência crescente da abstenção nos atos eleitorais, moderamos, entretanto, o nosso desassossego. Isto, por uma razão que consideramos desfocar substancialmente a realidade das coisas: o “lixo” existente nos cadernos eleitorais, propositadamente mantido por todos os políticos que estão interessados em que neles se mantenham os muitos milhares de inscritos que já deixaram o mundo dos vivos, visando, assim, continuar a beneficiar de subvenções financeiras atribuídas pelo Orçamento do Estado. A introdução do voto eletrónico poderia matar três coelhos de uma cajadada: introduzia rigor nos cadernos eleitorais, disponibilizava mais uma ferramenta aos eleitores para cumprirem o seu dever cívico de votar e, ainda, revelaria a abstenção com alguma verdade. Há ainda uma outra medida que a coerência e a verdade do funcionamento das instituições públicas deveria impor aos nossos decisores políticos. Partindo do princípio de que o número de deputados e de autarcas foi estabelecido em função das populações representadas, reduzidas estas, igualmente deveriam ser reduzidos aqueles, para se manter a inicial proporcionalidade.
Em equilíbrio desequilibrado Nada melhor do que um cómico para confrontar com o Pedro Guerra. Assim, o programa fica um circo total!”
Há anos que Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes massacram os telespectadores portugueses com os seus comentários na SIC e na TVI, com um rótulo de... “independentes”. Todavia, na campanha eleitoral, lá apareceram ambos a apoiar a PàF (PSD/CDS-PP), deixando cair a máscara, para os mais distraídos, que ainda não tinham percebido que eles mantinham a sua fidelidade ao PSD, aos CDS e à política de direita. Pergunto: será que as televisões deveriam mantê-los como comentadores? Mas a RTP1 também lá tinha o Morais Sarmento (PSD), que era acompanhado por José Sócrates (PS), até este ser detido no âmbito da Operação Marquês. Um falso conceito de pluralismo e a invocação de “critérios editoriais” tentam justificar esta opção política de direita dos “donos” da comunicação social dominante, seus mandantes e maioria de comentadores, que teve o clímax na campanha eleitoral, com debates e sondagens a puxar pela bipolarização, mas em benefício do PSD/CDS. Marginalizou-se assim, mais uma vez, Grande parte do povo português, envolto em futilidades, está a colaborar para o estado de alienação coletiva em que nos encontramos, em detrimento da democracia que tanto nos custou a alcançar. De divagação em divagação, vamos dando crédito a boatos e mentiras espalhadas pelos partidos políticos. Estes, com a maioria dos seus espertos espalha-brasas muito bem instalados, vão gerindo um sistema que eles próprios montaram. Por exemplo: os partidos do sistema, sem exceção, tiveram responsabilidades na vinda da troika para Portugal. mas hoje, ao que parece, nenhum convidou esse “monstro”. Este é apenas um exemplo, porque centenas de outros poderiam ser aqui apontados. Os portugueses honestos e amantes da democracia só têm dois caminhos: ou deixam-se manter como admiradores da partidarite e dos angariadores de dinheiro fácil, ou andarão, não tarda muito, à procura da democracia perdida.