Tragédia aérea no regresso a casa
Queda de avião russo no Egito mata 224 pessoas que terminavam as férias. Autoridades excluem ataque terrorista Iurii Shein e a filha Anastasiia fotografados ao embarcar no avião que caiu pouco depois
Um avião russo despenhou-se, ontem de manhã, na zona do Sinai, no norte do Egito. A bordo seguiam 217 passageiros, incluindo 17 crianças, e sete tripulantes. Não houve sobreviventes. Uma fação local do Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria do desastre. Porém, as autoridades egípcias e russas afastam, para já, a hipótese de atentado.
O avião, um Airbus A321, da companhia russa Metrojet, com 18 anos de atividade, levantou voo às 5.58 horas da estância turística de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho. Nunca chegaria ao destino: São Petersburgo, Rússia. Apenas 23 minutos depois de ter iniciado a viagem, quando cruzava a uma altitude de 30 mil pés (9, 1 quilómetros), o avião perdeu drasticamente velocidade e entrou numa queda quase a pique até desapa- recer dos radares, registou o site “FlightRadar24”, que monitoriza viagens aéreas.
De imediato foram desencadeadas buscas que, poucas horas depois, encontrariam os destroços do aparelho, espalhados por um raio de três quilómetros, numa área montanhosa perto da cidade de Al-Arish. Um oficial egípcio descrevia “uma cena trágica”. “O avião partiu-se em dois: uma pequena parte da traseira incendiou-se e uma parte maior embateu numa rocha. Muitos dos mortos estão no chão e muitos morreram ainda presos aos assentos.”
Ao início da tarde, uma fação do EI que opera na Península do Sinai, marcada por conflitos entre insurgentes islâmicos e o exército egípcio, reivindicava na rede social Twitter a responsabilidade pelo desastre. “Os Soldados do Califado conseguiram abater um avião russo sobre a Província do Sinai com pelo menos 220 cruzados russos a bordo. Foram todos mortos, louvado seja Alá.” O ataque foi justificado como sendo uma reação contra os bombardeamentos russos ao Estado Islâmico na Síria.
As autoridades afastaram, no entanto, a possibilidade de atentado. O ministro dos Transportes russo afirmou que “as informações não poderiam ser consideradas credíveis” e que, “de momento”, não tinham “qualquer dado que pudesse confirmar as alegações”. O primeiro-ministro egípcio revelou que não tinha indícios de qualquer atividade suspeita por detrás do acidente, mas que os factos só ficariam claros após uma investigação.
Os 224 mortos são todos russos, à exceção de três ucranianos e um bielorrusso. Ao final do dia de ontem, tinham sido recuperados 129 corpos, na maioria carbonizados, e as duas caixas negras do avião.