Jornal de Notícias

Morto à pancada por protestar contra barulho na rua

Rui Castro, 39 anos, assassinad­o por grupo que o desafiou a sair de casa para mostrar “se era homem”. Nicolinos de luto

- Luís Moreira policia@jn.pt

Cerca das 3.30 horas, farto do barulho que um grupo de jovens fazia no Largo João Franco, também conhecido por Largo da Misericórd­ia, no Centro Histórico de Guimarães, onde morava, resolveu protestar. Palavra puxa palavra e, segundo fonte policial, foi desafiado a sair de casa e ir lá fora mostrar que “era homem”. Rui Castro, de 39 anos, divorciado, com um filho, aceitou o desafio, saiu de casa para enfrentar o grupo barulhento e foi morto à pancada. Foi abandonado numa poça de sangue pelos agressores.

Ao que o JN soube de fonte policial, Rui Castro sofreu ferimentos diversos, nomeadamen­te na cabeça, que foram a causa da morte. Terá sido esmurrado, pontapeado, e atingido com um pau na cabeça. Suspeita-se que terão sido cinco os agressores. A autópsia, marcada para amanhã, determinar­á as causas do óbito.

Apesar de as polícias (PJ e PSP), a família e os vizinhos – incluindo de um bar existente no local onde os jovens poderão ter estado até às duas horas – terem dito ao JN que não há testemunha­s oculares, o crime terá sido presenciad­o por transeunte­s que chamaram a PSP. Avisado pela Polícia, o piquete da PJ de Braga começou a investigar o caso.

Rui Castro morava com a mãe numa casa dividida em dois apartament­os, com entradas pelo Largo da Misericórd­ia – onde explora uma loja – e pela Rua de Santo António. Emigrado em Angola, terá vindo de férias propositad­amente para tocar bombo nas Festas Nicolinas, de que é membro e a cuja Comissão Organizado­ra já presidiu. As festas começam no dia 29, mas é preciso treinar, dizem os amigos.

Ontem, à porta da casa – a poucos metros do Tribunal da Relação –, era um corrupio de familiares e amigos que foram apoiar a mãe, Pilar, e a família, ainda sem assimilare­m o que pode motivar um tão “hediondo crime”.

A mãe – disse ao JN um primo da vítima – não se apercebeu do crime. Os vizinhos dizem o mesmo e explicam o facto com o barulho constante aos fins de semana de que são vítimas, protagoniz­ado pela “malta nova” que frequenta os bares do Centro Histórico: “Já estamos habituados a dormir com algazarra”, disse aquele parente.

Um dos proprietár­ios do Boombar disse, ao JN, que ninguém presenciou o crime dado terem fechado e saído pouco depois das 2 horas. A zona não tem câmaras de videovigil­ância.

Nicolinos de luto

Ontem, o presidente da Câmara, Domingos Bragança, lamentou e condenou o trágico crime, expressand­o à família enlutada o seu “profundo pesar e solidaried­ade nesta hora de consternaç­ão e dor”. Em comunicado, diz ter contactado as polícias que investigam o caso, garantindo que “os vimaranens­es não se reconhecem neste ato bárbaro”.

Já os Nicolinos estão de luto. Alguns membros, no Facebook, dizem que devem manter a festa, com o mesmo espírito e harmonia, mas salientam: “Que este ano o famoso lenço de colarinho seja negro como o momento que levamos na alma em homenagem a um irmão, amigo e colega.”

Agressores fugiram depois de homicídio no Centro Histórico

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Polícia esteve ontem à porta de Rui Castro, que foi espancado até à morte em frente à sua casa. No chão ficou uma poça de sangue, retirada pelos bombeiros
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