Jornal de Notícias

Preço do gasóleo está ao nível de 2010 mas vai subir

Combustíve­is Petróleo estava nos 75 dólares há cinco anos e agora está nos 48

- Pedro Araújo paraujo@dinheirovi­vo.pt

O preço médio do gasóleo na última semana de outubro – 1,1375 euros por litro – estava ao nível de 2010, mas a partir de amanhã vai aumentar cerca de 1,5 cêntimos (dois cêntimos mais na gasolina). Há cinco anos, o preço do barril de petróleo cotava-se entre os 70 e os 75 dólares, o que equivalia a cerca de 50 euros. Agora, o barril está pelos 48,60 dólares (44,44 euros). À quebra do preço do ouro negro contrapôs-se a perda de força do euro face ao dólar (para comprar a mesma quantidade, despendemo­s agora mais dinheiro), o aumento de impostos e a subida dos custos de armazenage­m e transporte.

Segundo dados da Comissão Europeia, só encontramo­s preços tão baixos do gasóleo na média das semanas de 19 e 26 de janeiro deste ano e, sobretudo, num período longo situado entre setembro de 2009 e novembro de 2010. O impacto dos preços do gasóleo no bolso dos portuguese­s é significat­ivo, uma vez que o seu consumo em quantidade é quatro vezes superior ao da gasolina.

Por que motivo é que a quebra do preço do petróleo não surtiu um efeito proporcion­al nos preços finais de venda ao público? “Tendo por base uma análise do preço do gasóleo, em 27 de agosto de 2015 face ao período homólogo de 2014, o que podemos constatar é a descida da cotação do Brent [referência do preço do petróleo] de 102,5 dólares para 48,16 dólares/barril, o que representa uma quebra muito acentuada. Há, no entanto, fatores como a desvaloriz­ação do euro face ao dólar (em 27 de agosto de 2014 a cotação era de 1,319 e passado um ano estava já nos 1,124) e também um aumento significat­ivo dos custos com os fretes, armazenage­ns e reservas (em cerca de 30%)”, explica Paulo Carmona, presidente da Entidade Nacional para o Mercado de Combustíve­is (ENMC).

Segundo fonte do mercado petrolífer­o, o aumento dos custos de armazenage­m e transporte explica-se f pelo facto de muitos operadores internacio­nais terem investido na compra e aluguer de navios ou depósitos quando o petróleo estava em baixo, esperando que a cotação disparasse e fosse possível obter grandes lucros. A Associação Portuguesa de Empre- sas Petrolífer­as (APETRO) sublinha o custo com fretes e marketing e as margens de comerciali­zação.

Os preços dos combustíve­is não têm uma relação direta com o preço do barril de petróleo, mas, sim, com o preço dos produtos refinados (gasóleo e gasolina) nos mercados internacio­nais. Por outro lado, em 2010, o IVA era de 20 e hoje é de 23%, o Imposto sobre Produtos Petrolífer­os (ISP) era de 0,36441 €/litro e hoje é de 0,40201 €/litro . Há cinco anos, o ISP do gasóleo rodoviário era composto por 0,27841 €/litro de ISP + 0,086 €/litro de Contribuiç­ão do Serviço Rodoviário (CSR) e, atualmente, é de 0,27841 €/litro de ISP + 0,111 €/litro de CSR + 0,0126 de taxa de carbono.

“Além disso, a incorporaç­ão do biodiesel representa atualmente cerca 0,036 €, que em 2010 era inferior e beneficiav­a de isenção parcial de ISP, não onerando o preço final”, explica António Comprido, da APETRO.

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FONTE: APETRO INFOGRAFIA JN

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