Jornal de Notícias

No Alto de São João ficaram quatro floristas em vez de 30

- JOÃO PAULO LOURENÇO

LISBOA O fim do feriado de 1 de novembro, o baixo poder de compra das pessoas e o número crescente de cremações estão a arruinar o negócio de vendas de flores junto ao cemitério do Alto de São João, em Lisboa. “Até há poucos anos, havia umas 30 bancas aqui na praça, agora restamos quatro”, resume Miguel Simões, um dos mais antigos vendedores da zona.

Os “resistente­s” sublinham que, ainda assim, esperam que este ano nem seja “tão mau”, por ser domingo. “Com o fim do feriado, as pessoas deixaram de sentir aquela obrigação de vir e a tradição de finados vai-se esfumando”, observa Bruno Loução, outro vendedor.

Por outro lado, os clientes escolhem os produtos mais baratos. “Antes compravam ramos inteiros para cobrir campas. Agora há muitas cremações e as pessoas levam apenas uma rosinha para o Jardim da Saudade (terreno onde são depositada­s as cinzas)”, conta Paula Simões, ao lado da sua banca.

Quanto a preços, ninguém ousou promover aumentos. Um molho de crisântemo­s custa 10 euros, de margaridas 5, e as rosas entre 1 e 1,5 euros a unidade. Já as velas, vendidas a um euro cada, estão ainda em maior declínio. “Há gente de muitas religiões que não acende velas e cada vez se vendem menos”, diz Miguel Simões. Já Bruno Loução destaca a concorrênc­ia de uma cadeia de supermerca­dos: “Vendem-nas a 58 cêntimos, o preço que o armazenist­a nos faz”. Os vendedores são unânimes em concordar que hoje, por ser domingo, o cemitério vai estar cheio.

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Bruno Loução, comerciant­e de flores, diz que há concorrênc­ia dos supermerca­dos

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