Câmara paga segurança para proteger mosteiro
Vila do Conde Câmara paga segurança privada para evitar que marginais voltem ao Mosteiro de Santa Clara
Foi gasto meio milhão de euros para “lavar a cara” do Mosteiro de Santa Clara, mas, findos os trabalhos, o “cartão de visitas” de Vila do Conde continua sem destino. A Câmara vai pagar a uma empresa de segurança para evitar que o imóvel volte a ser abrigo de marginais, mas o uso futuro continua por definir. Tribunal, por enquanto, não pode ser, porque a candidatura ao QREN para pagar as obras obriga a que aquele seja, durante cinco anos, um espaço de cultura, o que esbarra num outro problema: não há água, luz, mobiliário e as casas de banho foram vandalizadas antes dos trabalhos.
“Pusemos o problema à Direção-Geral do Tesouro e Finanças. Não havia qualquer possibilidade de nos ser garantida a vigilância. Entendemos que é impensável que, após o esforço que todos fizemos, não tomemos medidas e, por isso, a Câmara vai pagar a segurança”, disse, ao JN, a presidente da Câmara, Elisa Ferraz, que, com a medida, vai gastar cerca de seis mil euros até 2017.
Depois de, durante décadas, ter sido centro educativo, entre 2006 e 2013, o mosteiro esteve abandonado e era abrigo de marginais. Alvo de vandalismo constante, sucediam-se os incêndios e as quedas de pedras da fachada, colocando em risco os moradores das casas do sopé. Em setembro de 2013, a Câmara tomou as rédeas do problema e com o grupo Unidos ao Mosteiro mobilizou mais de 300 pessoas e, em dois fins de semana, o imóvel ficou limpo e vedado.
Seguiu-se a candidatura a fundos, no âmbito do QREN, e, no verão de 2014, as obras arrancaram cofinanciadas pelo programa comunitário ON2, no âmbito da me- dida destinada a “projetos de valorização e animação do património cultural”. Recuperou-se a cobertura, substituíram-se as caixilharias e as varandas, fez-se a pintura exterior de todo o edifício.
Nem hotel nem tribunal
A ideia chegou a ser colocar o mosteiro no mercado internacional e procurar um investidor que o pudesse transformar em hotel. Foi abandonada. Elisa Ferraz bateu-se para que para ali fosse o Tribunal de Grande Instância Criminal, que de acordo com o novo mapa judiciário ficaria em Vila do Conde, mas que atualmente, por falta de condições, está provisoriamente a funcionar em Matosinhos, mas a obra acabou e o mosteiro continua sem destino definido.
“O fundo comunitário utilizado para a requalificação é incompatí- vel com a utilização do espaço para o tribunal. Embora o juiz presidente da comarca do Porto considere que é uma boa solução, terão de passar cinco anos desde a candidatura ao QREN”, salientou a autarca. Ainda faltam três e, até lá, é preciso encontrar soluções.
Naquela candidatura, uma adenda visava garantir que, durante cinco anos, haveria atividades culturais.
A Câmara estava a estudar o programa com a Direção Regional da Cultura do Norte, mas há mais problemas: “Só ainda não começaram pelo estado em que se encontram as instalações. Não há infraestruturas sanitárias, nem de água, nem de luz, porque tudo isso foi destruído pelo vandalismo de anos”, frisa Elisa Ferraz, que quer em breve abrir o espaço pelo menos para visitas guiadas.
Estado anda a gastar dinheiro a alugar salas para julgamentos e o mosteiro com tanto espaço”
Elisa Ferraz
Presidente da Câmara