Jornal de Notícias

Câmara paga segurança para proteger mosteiro

Vila do Conde Câmara paga segurança privada para evitar que marginais voltem ao Mosteiro de Santa Clara

- Ana Trocado Marques locais@jn.pt

Foi gasto meio milhão de euros para “lavar a cara” do Mosteiro de Santa Clara, mas, findos os trabalhos, o “cartão de visitas” de Vila do Conde continua sem destino. A Câmara vai pagar a uma empresa de segurança para evitar que o imóvel volte a ser abrigo de marginais, mas o uso futuro continua por definir. Tribunal, por enquanto, não pode ser, porque a candidatur­a ao QREN para pagar as obras obriga a que aquele seja, durante cinco anos, um espaço de cultura, o que esbarra num outro problema: não há água, luz, mobiliário e as casas de banho foram vandalizad­as antes dos trabalhos.

“Pusemos o problema à Direção-Geral do Tesouro e Finanças. Não havia qualquer possibilid­ade de nos ser garantida a vigilância. Entendemos que é impensável que, após o esforço que todos fizemos, não tomemos medidas e, por isso, a Câmara vai pagar a segurança”, disse, ao JN, a presidente da Câmara, Elisa Ferraz, que, com a medida, vai gastar cerca de seis mil euros até 2017.

Depois de, durante décadas, ter sido centro educativo, entre 2006 e 2013, o mosteiro esteve abandonado e era abrigo de marginais. Alvo de vandalismo constante, sucediam-se os incêndios e as quedas de pedras da fachada, colocando em risco os moradores das casas do sopé. Em setembro de 2013, a Câmara tomou as rédeas do problema e com o grupo Unidos ao Mosteiro mobilizou mais de 300 pessoas e, em dois fins de semana, o imóvel ficou limpo e vedado.

Seguiu-se a candidatur­a a fundos, no âmbito do QREN, e, no verão de 2014, as obras arrancaram cofinancia­das pelo programa comunitári­o ON2, no âmbito da me- dida destinada a “projetos de valorizaçã­o e animação do património cultural”. Recuperou-se a cobertura, substituír­am-se as caixilhari­as e as varandas, fez-se a pintura exterior de todo o edifício.

Nem hotel nem tribunal

A ideia chegou a ser colocar o mosteiro no mercado internacio­nal e procurar um investidor que o pudesse transforma­r em hotel. Foi abandonada. Elisa Ferraz bateu-se para que para ali fosse o Tribunal de Grande Instância Criminal, que de acordo com o novo mapa judiciário ficaria em Vila do Conde, mas que atualmente, por falta de condições, está provisoria­mente a funcionar em Matosinhos, mas a obra acabou e o mosteiro continua sem destino definido.

“O fundo comunitári­o utilizado para a requalific­ação é incompatí- vel com a utilização do espaço para o tribunal. Embora o juiz presidente da comarca do Porto considere que é uma boa solução, terão de passar cinco anos desde a candidatur­a ao QREN”, salientou a autarca. Ainda faltam três e, até lá, é preciso encontrar soluções.

Naquela candidatur­a, uma adenda visava garantir que, durante cinco anos, haveria atividades culturais.

A Câmara estava a estudar o programa com a Direção Regional da Cultura do Norte, mas há mais problemas: “Só ainda não começaram pelo estado em que se encontram as instalaçõe­s. Não há infraestru­turas sanitárias, nem de água, nem de luz, porque tudo isso foi destruído pelo vandalismo de anos”, frisa Elisa Ferraz, que quer em breve abrir o espaço pelo menos para visitas guiadas.

Estado anda a gastar dinheiro a alugar salas para julgamento­s e o mosteiro com tanto espaço”

Elisa Ferraz

Presidente da Câmara

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Usufruto de fundos comunitári­os obriga a que o mosteiro seja espaço cultural nos próximos três anos. Faltam condições
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