“A casa tremia a cada tiro”
Iselena Vieira, uma portuguesa de 28 anos natural de Loures, vive a poucos metros do apartamento de Saint-Denis visado ontem nas operações da Polícia francesa. Acordou com os tiros, de madrugada. Ela, a filha de sete anos e o pai tiveram de se trancar, apagar as luzes e fechar todas as janelas do apartamento do número 5 da Rue du Corbillon, enquanto no número 8 a Polícia tomava de assalto a casa onde estavam terroristas.
“Acordei com o barulho dos tiros e fui logo ver à janela o que se passava. Havia homens encapuzados que gritavam que eram polícias e que devíamos apagar as luzes e fechar as janelas. Nunca tive tanto medo na minha vida. Seguiu-se uma hora em que os tiros não pararam. A casa tremia a cada tiro. No início até pensei que fosse outro atentado, mesmo aqui à nossa porta”, contou Iselena ao JN.
A mulher, o pai e a filha juntaram-se todos no mesmo quarto até que o barulho incessante das metralhadoras acalmasse. “Ouvia os polícias a gritar para os terroristas, para que eles se rendessem e levantassem as mãos. Durante uma hora houve sempre tiros e depois deixei de ouvir gritos. Só muito mais tarde é que ouvi uma explosão. Não sabíamos o que era. Só depois de ligar a televisão, às 8.30 horas, é que soubemos que era a mulher terrorista que se tinha feito explodir”, contou ainda a emigrante, que só saiu à rua por volta do meio-dia.
Iselena vive naquela rua há apenas um mês e nunca tinha visto os terroristas naquele bairro dos subúrbios de Paris. “Há aqui muitos imigrantes, de muitas nacionalidades, mas não me recordo de ter visto as caras dos terroristas aqui na zona. Só vi a cara deles nos jornais e na televisão”.
Ruas fechadas
António dos Santos, de 56 anos, também ficou retido em casa, na Rue de la République, também em Saint-Denis e muito próximo do local da confusão. “Disseram que estava alguém numa casa, que havia jiadistas, e fecharam toda a rua. Da janela – moro ao lado da Mairie [câmara municipal] – vi muitos carros da Polícia, bombeiros e muitos polícias. Depois ouvi algumas explosões e estou a ver pela televisão o que se está a passar”, descreveu o português.
28 anos, natural de Loures