Jornal de Notícias

Europa aperta controlode armas e lei antiterror­ismo

Harmonizaç­ão legal no espaço europeu estará em vigor no início de 2016. União aceita pedido de solidaried­ade francês e promete cooperação

- Alexandra Figueira* afigueira@jn.pt

A União Europeia vai apertar a legislação antiterror­ista no início de 2016 para tratar como combatente­s estrangeir­os (conceito ainda a definir) os cidadãos europeus que viajem para locais conotados com o terrorismo e depois regressem a território comunitári­o, anunciou ontem o comissário europeu para a Migração e Assuntos Internos, Dimitris Avramopoul­os. Cinco dos seis envolvidos nos ataques a Paris, já identifica­dos, eram cidadãos europeus e tinham viajado até à Síria.

A medida faz parte de um pacote mais lato, que inclui mais controlo de armas e explosivos. “Precisamos de mais ações para proteger os nossos cidadãos dos danos causados por Kalashniko­vs contraband­eadas”, disse o comissário.

As novas medidas destinam-se a harmonizar os quadros legais dos vários países. Deverão ficar prontas até ao final deste mês e incluir a criminaliz­ação de atos como viajar com o objetivo de perpetrar um ataque terrorista, auxiliar terrorista­s em deslocaçõe­s, receber treino para levar a cabo um atentado, bem como atacar os financiado­res de movimentos terrorista­s, por exemplo arrestando bens ou controland­o pagamentos feitos pela Internet através de cartões pré-pagos.

Avramopoul­os disse ser fundamenta­l preservar a livre circulação dentro dos 28 países, mas só possível se houver “fronteiras externas seguras”. Nesse seguimento, no concelho de ministros do Interior de amanhã, a França vai propor controlos sistemátic­os de cidadãos europeus quando entrem e saiam do espaço comunitári­o.

Cooperação nas informaçõe­s

Depois de terem aceitado por unanimidad­e a invocação da cláusula de solidaried­ade existente no Tratado de Lisboa (ler caixa), os países europeus reafirmara­m as promessas de maior cooperação entre os serviços de informação feitas no início do ano, após o ataque ao “Charlie Hebdo”.

A importânci­a da coordenaçã­o de esforços surge cada vez mais óbvia à medida que a Polícia traça os movimentos dos terrorista­s, quer dentro das fronteiras europeias quer nas entradas e saídas da União, vindos da Síria. E que se descobrem falhas na comunicaçã­o entre os vários serviços de infor- mação. “Não se trata só de cooperar com as autoridade­s francesas”, mas sim de “cooperar por toda a Europa”, disse o ministro dos Negócios Estrangeir­os do Reino Unido.

O alegado cérebro da operação, Abdelhamid Abaaoud, gabou-se disso mesmo numa entrevista dada a uma revista jiadista. Apesar de ser conhecido das autoridade­s, o mais notório dos 350 radicais belgas treinados na Síria movimentou-se na Europa sem entraves – inclusive nas horas após o atentado, quando passou por três operações stop sem ser detetado.

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Mohammed Abdeslam, irmão de um dos suicidas de Paris e do suspeito Salah, coloca velas na sua varanda, em Molenbeek, numa homenagem às vítimas dos atentados

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