Terroristas ligados na Internet negra
A possibilidade de os jiadistas terem usado as plataformas PS4 para comunicar entre si na execução dos atentados de Paris é admissível, mas, na verdade, os extremistas não precisam de utilizar este recurso. As principais ligações são através da “dark web”, a Internet negra, onde só se entra através de programas próprios e mercê de passwords, onde funcionam blogues muito específicos como meio de comunicação, como salientou ao JN o especialista em cibersegurança Vasco Amador. “E esse é o principal meio de comunicação”.
Um especialista policial admitiu, por seu turno, que as vulgares PlayStation apresentam algumas facilidades, “uma vez que o tráfego não é controlado pelos operadores de comunicações”. Ou seja, tornase mais difícil o controlo, ou pelo menos transforma o acesso mais moroso, mas “continuam a ser sistemas abertos”, onde não deixa de ser possível entrar, dispondo de ferramentas para o efeito.
E quanto aos ataques dos Anonymous, a mesma fonte salientou que têm visado apenas as contas nas redes sociais, usadas pelo Estado Islâmico essencialmente para propaganda. Outra área são as comunicações entre os vários elementos, o outro lado do terrorismo.
“É claro que os ataques dos Anonymous produzem efeitos, mas os especialistas do Estado Islâmico rapidamente criam outras contas”, aponta, por sua vez, Vasco da Cruz Amador, especialista em cibersegurança e “managing director” da empresa inglesa Global Risk Awareness, responsável pela firma em Portugal.
Sendo a segurança na internet uma área de trabalho da empresa, com elaboração de mapeamento gráfico de tráfego com base em fontes abertas (ver fotografia), Vasco Amador destaca que o terrorismo islâmico usa normalmente aplicações (APP) encriptadas. “Chegaram a usaram a WhatsApp, mas depois viraram-se para a Telegram”, aponta o especialista.
Mas não são de forma alguma apps secretas e qualquer pessoa pode transferi-las para o telemóvel. “A vantagem para as redes terroristas está no facto de a comunicação ser muito segura”, significando isto que se torna muito difícil chegar aos conteúdos. Vasco Amador salienta, aliás, que a Telegram “está a contrariar” a tendência terrorista. “É uma guerra do gato e do rato”.