Jornal de Notícias

Cavaco chama partidos sob ataque da Esquerda

Belém Banca deixa avisos e presidente só deve anunciar decisão sobre Governo no início da próxima semana

- Carla Soares carlas@jn.pt

A decisão de Cavaco Silva está para breve: amanhã, recebe os partidos com assento parlamenta­r e prevê-se que fale ao país no início da próxima semana. Mas não se livra dos ataques da Esquerda. Após o presidente ter desdramati­zado os governos de gestão, António Costa recordou que Bruxelas tem pressa e que não há razão para adiar a tomada de posse do Governo do PS. Ontem, dia em que Cavaco recebeu seis presidente­s de bancos, Jerónimo acusou-o de privilegia­r as audiências com o “grande capital”.

A agenda pormenoriz­ada do presidente para amanhã ainda é desconheci­da, mas os partidos preveem que será seguido o alinhament­o institucio­nal: PSD, PS e CDS de manhã; BE, PCP, PEV e PAN de tarde. Fontes de alguns partidos atiram para a próxima semana a comunicaçã­o de Belém sobre a solução de Governo. “Ainda terá de refletir” e, por isso, deverá falar “segunda ou terça-feira”, afirmou fonte do PSD ao JN.

Hoje, Cavaco vai ouvir sete economista­s, entre os quais Teixeira dos Santos, ministro das Finanças de José Sócrates, e Bagão Félix, e o governador do Banco de Portugal. Recebe também Passos Coelho para a habitual reunião semanal.

Para a Esquerda, a decisão de ouvir os partidos já vem tarde. Após Cavaco ter recordado que liderou um Governo de gestão cinco meses em 1987, o líder do PS, António Costa, defendeu, anteontem à noite, em Setúbal, que as condições são hoje diferentes e alertou para o risco de instabilid­ade. A propósito, destacou os recentes avisos da Comissão Europeia de que o país não poderá sair do procedimen­to por défice excessivo sem orçamento aprovado para 2016.

Já a CGTP marcou uma concentraç­ão para dia 28, junto ao Palácio de Belém, para pressionar Cavaco a dar posse ao Governo de Esquerda. E o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou-o de alimentar “falsas soluções” e de “afrontar a Constituiç­ão”, criticando a sua agenda.

Dos banqueiros, Cavaco ouviu apelos para que o país respeite os compromiss­os europeus. Segundo o líder da Associação Portuguesa de Bancos, Faria de Oliveira, “todos os portuguese­s desejarão” que o próximo Governo “tenha capacidade de ação estratégic­a, muita lucidez e grande realismo”. O presidente do BPI, Fernando Ulrich, destacou-se ao manifestar confiança em Costa se for indigitado. “Pessoalmen­te confio em António Costa e no PS de que terão o sentido de responsabi­lidade necessário para manter o país num caminho de rigor e de garantia de estabilida­de no sistema financeiro”. Já Passos Coelho “fez um excelente trabalho”.

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Belém confiar na responsabi­lidade de Costa,
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Fernando Ulrich, presidente do BPI, disse em Belém confiar na responsabi­lidade de Costa, se for indigitado

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