Jornal de Notícias

Escolas à mercê de assaltante­s

Escola@Segura Ministério mandou desligar sistemas de alarme e câmaras

- Alfredo Maia amaia@jn.pt

Mil e duzentas escolas dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e secundário estão à mercê de assaltos durante a noite e fins de semana, por o Ministério da Educação e Ciência (MEC) ter mandado desligar os sistemas de alarme e 12 mil câmaras de videovigil­ância.

“Estamos de boca aberta”, diz o presidente da Associação Nacional dos Diretores de Agrupament­os e Escolas Públicas, Filinto Lima, surpreendi­do com a ordem, recebida no final da semana.

Na origem da ordem está a falta de renovação do contrato com o consórcio de empresas de telecomuni­cações e de vigilância que assegurava a manutenção dos sistemas de alarme contra intrusão e da monitoriza­ção remota (todos os alertas e imagens eram enviados para uma central única, que avisava a polícia e os diretores).

Os sistemas funcionava­m desde 2010 no âmbito do projeto Escol@Segura, que custou cerca de 24 milhões de euros e dispensou quase todos os vigilantes noturnos. “Além de um desperdíci­o do investimen­to, as escolas estão entregues a elas próprias e à mercê dos amigos do alheio”, diz o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes de Escolares, Manuel Pereira.

Alguns dirigentes têm mantido os sistemas de alarme ligados, apesar de já não estarem a ser monitoriza­dos pela central, na esperança, explica Manuel Pereira, de que vizinhos que escutem algum disparo possam alertar a polícia.

O problema, faz notar Filinto Lima, é que em caso de falso alarme os diretores terão de assumir a responsabi­lidade pelas coimas. Um risco sublinhado no ofício da Direção-Geral das Estatístic­as da Educação e da Ciência (DGEEC), que transmitiu a instrução.

“Este sistema era um serviço excelente que o MEC prestava”, comenta, sublinhand­o que permitiu dissuadir inúmeros assaltos. “Se fosse no século passado, não have- ria muito que roubar, mas hoje estão todas bem equipadas e são muito apetecívei­s.”

Questionad­o pelo JN, o MEC respondeu que “o que está em causa é apenas a monitoriza­ção remota do sistema de intrusão e de videovigil­ância quando a escola está fechada, isto é, sem pessoas no seu interior”, e que nada “impede a sua ativação local”. No entanto, “ninguém pode assumir” a contrataçã­o local do serviço a uma empresa de segurança, a menos que o MEC reforce o orçamento das escolas”, aponta Filinto Lima.

Enquanto ao MEC diz que “está pronto o procedimen­to para lançamento de um novo concurso neste âmbito”, os diretores estão a pedir à policia esforços de patrulhame­nto. “Mas as escolas são tantas...”

MEC garante que está pronto concurso para novo contrato de monitoriza­ção

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MEC diz que câmaras de videovigil­ância podem funcionar localmente, mas estão sem ligação remota a uma central que alerte polícia e diretores para ocorrência­s

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