Jornal de Notícias

Leilão de dívida com juro negativo recorde

- FINANCIAME­NTO TIAGO FIGUEIREDO SILVA

Portugal alcançou ontem um feito inédito no mercado primário de dívida, ao conseguir que os investidor­es aceitassem pagar por duas linhas de financiame­nto que o Tesouro colocou ao mesmo tempo. No penúltimo leilão de curto prazo do ano, o IGCP emitiu mais dívida do que o inicialmen­te previsto a6 e a 12 meses, e conseguiu taxas de juro negativas recorde em ambos os prazos.

O objetivo passava por encaixar entre 1000 e 1250 milhões de euros em bilhetes do tesouro (BT). Contudo, o IGCP acabou por superar a meta pretendida, ao captar 1500 milhões de euros, num sinal claro de indiferenç­a dos investidor­es quanto à incerteza política no país depois de os partidos de Esquerda terem derrubado o Governo liderado por Passos Coelho.

A agência liderada por Cristina Casalinho colocou 400 milhões de euros de BT a seis meses e 1100 milhões a 12 meses. No prazo a seis meses, o custo do financiame­nto fixou-se num novo mínimo histórico de -0,018%, com a procura a exceder a oferta em 2,72 vezes. Já na maturidade a 12 meses, a taxa de juro foi de -0,006%, entrando em terreno negativo pela primeira vez, e com a procura a superar a oferta em 2,18 vezes.

Mais 1,25 mil milhões

A agência que gere a dívida pública não vai fechar o ano sem antes tentar captar mais 1,25 mil milhões de euros. O IGCP tem agendado mais um leilão de BT, que será o último do ano, para o dia 16 de dezembro. O objetivo passa por arrecadar entre mil a 1,25 mil milhões de euros em títulos a3 e a 11 meses. Desde o arranque do ano, a agência liderada por Cristina Casalinho já emitiu 14,38 mil milhões de euros de dívida de curto prazo.

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Cristina Casalinho, presidente do IGCP

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