Jornal de Notícias

Fraternida­de polémica desde a fundação

- POLÉMICA EMÍLIA MONTEIRO * SALOMÃO RODRIGUES

Controvers­a desde a sua fundação, a Fraternida­de Missionári­a Cristo Jovem continua a ser uma pedra no sapato da diocese de Braga. Com os estatutos de Associação de Fiéis aprovados pelo anterior arcebispo, D. Eurico Dias Nogueira, foi o atual responsáve­l pela diocese, D. Jorge Ortiga, que, já 1999, pediu explicaçõe­s à associação sobre a forma como trabalhava.

Na origem da Fraternida­de está um sacerdote prestes a tornar-se centenário: o padre Milheiro. Tido como defensor de uma igreja “ultraconse­rvadora”, ditou que as mulheres só entravam na casa de Requião com saia comprida e cabeça coberta e os homens de mangas compridas e calças. Com o sacerdote, viviam pelo menos três mulheres, chamadas “irmãs” na Fraternida­de, que se vestiam como “freiras”, embora não pertençam a nenhuma congregaçã­o religiosa.

Foi esta associação que trouxe para Portugal as “cruzes do amor” que ainda podem ser vistas em muitas paróquias e casas particular­es. O objetivo era construir uma cruz com 738 metros (a altitude do Monte Calvário), composta por “pequenas” cruzes com 7,38 metros, dispersas por diversos locais e iluminadas durante a noite. Com a colocação das primeiras cruzes na diocese de Braga, D. Jorge Ortiga manifestou-se contra, mas alegou nada poder fazer, porque os objetos estavam colocados em terreno privado.

Com uma mensagem catastrofi­sta e, com frequência, evocando o “fim do Mundo”, os prospetos da fraternida­de referem ainda a presença em Requião de várias “videntes” nos dias em que a casa abre as portas à população. Atualmente, já com menos crentes e menos ajudas financeira­s, a sede da associação acolhe um reduzido número de mulheres.

A arquidioce­se foi informada por ex-membros da Fraternida­de Cristo Jovem, em finais do ano passado, de presumívei­s anomalias na vida quotidiana da comunidade.

Perante esta denúncia, a arquidioce­se de Braga iniciou uma investigaç­ão interna e contactou com as pessoas residentes. As irmãs sempre manifestar­am plena liberdade na sua estadia.

Foi indicado, ao mesmo tempo, um sacerdote para acompanhar mais de perto a vida da Fraternida­de Cristo Jovem. Deslocou-se semanalmen­te à comunidade, dedicou tempo a conversas pessoais com as irmãs residentes e iniciou a elaboração de um relatório contendo as informaçõe­s necessária­s em ordem a uma oportuna decisão.

gabinete de contabilid­ade e cinco empresas do setor da cortiça de Santa Maria da Feira foram alvo de uma operação de combate à fraude fiscal desencadea­da pelo Ministério Público, que contou, anteontem, com o apoio de inspetores da Direção de Finanças de Aveiro, PSP e GNR.

Segundo apurou o JN, em causa não está o gabinete de contabilid­ade, mas as cinco empresas com as quais trabalha e que são suspeitas de utilizar um esquema de faturas falsas para lesar o Estado.

A inspeção, que envolveu cerca de duas dezenas de especialis­tas da Direção de Finanças de Aveiro, elementos do Ministério Público e agentes policiais, decorreu durante a manhã e parte da tarde de anteontem e surge na sequência de um processo de inquérito instaurado pelas Finanças de Aveiro, que apurou a existência­s de indícios de fraude fiscal.

As Finanças vão agora analisar os documentos recolhidos anteontem na inspeção, mas, sabe o Jornal de Notícias, detetaram de imediato situações irregulare­s.

As conclusões dos inspetores serão posteriorm­ente remetidas para o Ministério Público, que decidirá pela existência ou não de matéria para uma eventual acusação de fraude fiscal.

Caso anterior

Em causa estão esquemas de faturas falsas idênticos aos que levaram, emitidas em nome de firmas de fachada e sem atividade real.

Alguns dos vendedores eram toxicodepe­ndentes e indigentes que foram aliciados pelos empresário­s a coletar-se como empresário­s em nome individual e venderam faturas e recibos para sustentar o vício da droga.

Chegavam a entregar faturas em branco ou até livros inteiros, apenas assinados, a troco de pequenos valores, que muitas vezes iam acompanhad­os por recibos e guias de transporte.

Um empresário, que lesou o Estado em 5,5 milhões de euros de IVA, foi condenado, no passado dia 29 de maio, a seis anos de prisão efetiva.

Sacerdote que fundou a Fraternida­de é tido como ultraconse­rvador

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Regras rigorosas para frequentad­ores e visitas da Fraternida­de
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D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga

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