Jornal de Notícias

Máquinas das obras já chegaram à ilha da Bela Vista

- PORTO TIAGO RODRIGUES ALVES

As máquinas pesadas já estão a trabalhar na ilha da Bela Vista, no Porto. A correr como previsto, antes do início do verão as primeiras casas renovadas do bairro camarário estarão prontas para albergar os moradores que, provisoria­mente, foram transferid­os para uma só ala, enquanto duram as obras da primeira fase da reabilitaç­ão. Ao todo, há ali 12 famílias.

Ontem à tarde, a habitual pacatez da Rua de D. João IV foi quebrada pela chegada de uma escavadora de lagartas. Em menos de uma hora, a potente máquina deitou abaixo a fachada de uma casa devoluta e ficou aberto um caminho de acesso ao miolo do quarteirão. É lá, no meio de casas altas que a escondem da rua, que está a centenária ilha que agora será reabilitad­a.

Ana Ribeiro Martins é a mais antiga residente. Tem 86 anos e sempre morou ali. “Primeiro na casa 10, depois na 22. Aumentei 12”, conta, sorridente. Ana nunca pensou sair da Bela Vista. “Daqui só saio para o cemitério”, garante. Sentada numa cadeira à porta de casa, perdeu as vistas habituais há duas semanas. Agora, tem uma vedação a menos de um metro de distância. Mas não se importa. “Graças a Deus, vão fazer obras. Era mesmo preciso. A ver se isto melhora”, desejou.

António Fontelas também é um dos mais antigos residentes. Nasceu no número 43, a casa da avó que hoje é sua. O reformado e membro da Associação de Moradores da Bela Vista lembra-se de quando uma daquelas pequenas casas de dois andares dava para três famílias. Eram mais de 20 pessoas em quatro assoalhada­s. Nesse tempo, as 44 casas da ilha chegaram a ter mais de 500 moradores.

Hoje, só há 12 casas ocupadas e pouco mais de duas dezenas de residentes. “Há 40 anos que andamos a pedir obras. Finalmente, estão aí”, congratula-se. António deseja que a ilha rapidament­e ganhe novos moradores e a vida que já teve. Porém, diz que terá de haver muito cuidado na escolha dos novos residentes para não “chocarem com os antigos”.

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Escavadora abriu acesso ao miolo do quarteirão onde se recuperam casas

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