Armanda Passos
Armanda Passos volta à Universidade do Porto com uma exposição, “Bloco de Desenhos ESBAP”, produzidos entre anos 70-90 do século passado, a inaugurar na Galeria dos Leões, no próximo sábado.
Sobre estes desenhos, escreve Álvaro Siza que contêm “algo de oriental”, pois Armanda “cria obsessivamente, como se do nada viesse (...) “pássaros e figuras que voam suspensas por fios finos e tensos que se perdem no céu, na folha de papel”. Isto dito por Siza, um “obsessivo” praticante do desenho, mostra admiração e conhecimento da Artista, que a crónica acompanha, por justeza, reconhecimento e amizade.
Já aqui escrevi sobre Armanda: “É o desassossego permanente, rodopia como furação que tudo transforma, nos olhares e gestos das personagens” (27/X/2011). Agora, sobre esta exposição, diz Álvaro Siza: “Há mãos agitadas e olhares ternos ou violentos ou melancólicos – como num fresco de Giotto”. Bela comparação para apoiar esse “exorcismo de interioridade, inquietude permanente de espírito, prazer do gesto e do desenho” que conferem dimensão de “mensagem anunciadora” à sua obra, como escrevi, em outubro de 2000, para o catálogo de uma sua exposição.
A ESBAP teve e tem grandes Artistas, a geração de 60, dos “4 vintes – Armando Alves, José Rodrigues, Jorge Pinheiro e Ângelo de Sousa”, de quem Armanda foi assistente – e esta exposição é uma homenagem da Escola a uma sua referência e, também, a si própria. A função e mérito de uma escola vê-se pelo que ensina e sente-se, de forma palpável, pelos resultados visíveis, o mérito reconhecido da carreira profissional de quem reproduz e amplia esses ensinamentos. É disso que falamos hoje, de uma Artista de grande mérito, mulher permanentemente inquieta.