Luanda acusa UE de denegrir o país
Angola Assembleia Nacional aprova resolução contra Parlamento Europeu, recusando quaisquer ingerências
A Assembleia Nacional Angolana aprovou, ontem, uma resolução contra uma outra que o Parlamento Europeu ratificou em setembro, na qual exortou as autoridades de Luanda a libertarem todos os defensores dos direitos humanos. Luanda veio agora dizer que as entidades europeias querem é denegrir a imagem de Angola.
O documento angolano aprovado ontem, com 145 votos a favor, 27 contra e duas abstenções, afirma que a resolução do Parlamento Europeu “viola flagrantemente os princípios da boa-fé e da não-ingerência nos assuntos internos, da igualdade de estados” e fragiliza as relações políticas entre Angola e as instituições da União Europeia.
Já na altura da aprovação da resolução europeia, a 10 de setembro, Angola apressou-se a repudiá-la. A Europa mencionava o caso dos 17 ativistas que estão a ser julgados desde segunda-feira, entre eles Luaty Beirão (que chegou a cumprir mais de um mês de greve de fome); e acusava também sérios abusos por parte das polícias e a ausência de independência do sistema judicial. E foi mais longe, su- blinhando um constante policiamento para limitar a liberdade de expressão, de associação e de Imprensa; bem como a corrupção e o branqueamento de capitais”.
Mas não é apenas o Parlamento Europeu que faz estas acusações à liderança angolana. Várias organizações não-governamentais afirmam que o país está minado pela falta de liberdades essenciais e pelas enormes desigualdades sociais.
Apesar de rico em recursos, este continua a ser o país onde mais crianças morrem, sendo a diarreia a primeira causa para as que têm menos de cinco anos. É que apenas 42% da população tem acesso a água potável, revela a UNICEF, acrescentando que só 3,8% do Produto Interno Bruto é atribuído à saúde. E apenas 20% das crianças entre os 12 e os 17 anos vão à escola.