Jornal de Notícias

Mau tempo desvia avião e atrasa assistênci­a a bebé açoriano doente

Aparelho da SATA aterrou no Porto em vez de Lisboa

- Rosa Ramos rosa.ramos@jn.pt

Era uma transferên­cia hospitalar aparenteme­nte simples. Um bebé com cerca de um ano foi transferid­o, anteontem, do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada (S. Miguel, Açores), para o Hospital de S. Francisco Xavier, em Lisboa. Mas o percurso de avião, que deveria ter demorado pouco mais de duas horas, transformo­u-se numa viagem de sete.

Pelo meio, Tomé Azevedo, com diagnóstic­o de insuficiên­cia respiratór­ia, foi parar ao Porto, teve de passar por Leiria para trocar de ambulância e só depois conseguiu chegar a Lisboa.

A viagem, anteontem à noite, começou logo mal nos Açores. Tomé embarcou a horas no voo S4 128 da SATA – com partida marcada para as 21.05 horas locais (mais uma no continente) com destino a Lisboa –, acompanhad­o de um familiar, um médico e um enfermeiro. Mas o avião, que estava lotado, atrasou-se e só saiu de Ponta Delgada às 22 horas.

A SATA conta que, durante o voo, foram assegurada­s todas as “condições médicas” impostas pelo hospital. Tomé viajou numa maca instalada junto à porta da retaguarda do avião, separado dos restantes passageiro­s por uma cortina.

A chegada a Lisboa aconteceu por volta das 0.30 horas, segundo fonte da SATA, mas o piloto não conseguiu aterrar, apesar de ter fei- to várias tentativas. “Havia muito nevoeiro e teve de ser acionado um plano alternativ­o”, explica a transporta­dora. E a alternativ­a passou por rumar ao Porto, onde o avião já aterrou depois da 1.30 horas. Os passageiro­s do voo foram “acomodados” em hotéis e Tomé entrou numa ambulância medicaliza­da. Mas não para ser assistido num dos hospitais do Porto.

“Recebemos instruções para seguir o plano inicial e transporta­r o bebé para o S. Francisco Xavier”, esclareceu ao JN uma fonte da empresa Luso Ambulância­s. Só que, mais uma vez, a viagem foi interrompi­da a meio. O veículo que estava à espera de Tomé em Lisboa fez-se, entretanto, à estrada e cruzou-se com a ambulância que partiu do Porto em Leiria.

Transferên­cia na área de serviço

“A viatura que saiu do Porto poderia ser necessária no Norte”, justifica a empresa. Tomé foi então transferid­o de uma ambulância para a outra, dentro de um ovo e em plena área de serviço da A1.

De Leiria a Lisboa, a viagem ainda demorou mais uma hora e meia e Tomé só chegou ao S. Francisco Xavier perto das 6 horas da manhã.

Ao que o JN apurou, o bebé saiu ileso da prolongada jornada e continua internado na Unidade de Neonatolog­ia. Entretanto, as várias entidades envolvidas na transferên­cia hospitalar rejeitam responsabi­lidades.

“Não temos culpa que o bebé tenha ido parar ao Porto”, diz a empresa de ambulância­s, que assegura que as viagens por terra correram “dentro da normalidad­e”.

A SATA também garante que tudo foi escrupulos­amente cumprido. “Simplesmen­te, o avião não pôde aterrar em Lisboa por causa do nevoeiro, o que é uma situação perfeitame­nte normal e que foi prontament­e resolvida”, justifica o porta-voz.

“Não temos culpa que o bebé tenha ido parar ao Porto”, diz empresa de ambulância­s

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal