Jornal de Notícias

Tua Barragem começa a produzir energia até final deste ano

Energia que vai ser gerada por ano equivale ao consumo de uma cidade com cerca de 140 mil habitantes, como Braga

- Eduardo Pinto locais@jn.pt

As obras de construção da barragem e da central hidroelétr­ica de Foz-Tua, entre Alijó e Carrazeda de Ansiães, estão quase a terminar. A EDP espera poder começar a produzir energia “até ao final deste ano, ainda que num regime experiment­al”. Esta é a expectativ­a de Luís Lopes dos Santos, diretor do projeto que, juntamente com o gestor da obra, António Vallejo Paes, conduziu o JN numa visita guiada por dentro e por fora.

Quando o aproveitam­ento hidro-elétrico estiver a funcionar em pleno, terá capacidade para produzir “cerca de 600 gigawatt-hora de eletricida­de por ano”. Para que se entenda melhor, Lopes dos Santos diz que “representa o consumo de uma cidade como Braga”, onde habitam cerca de 140 mil pessoas, ou então “de um conjunto de concelhos como os cinco abrangidos pela barragem (Alijó, Carrazeda, Vila Flor, Murça e Mirandela) durante dois anos”.

Este volume de produção só é possível porque as turbinas da central são reversívei­s e, durante a noite, poderão bombear água do rio Douro para a albufeira do rio Tua. Na prática, vão produzir energia com a mesma água por mais que uma vez. António Vallejo Paes explica que “no período noturno, em que há menor consumo, e em alturas em que não chover, a EDP comprará energia eólica à rede para repor água na albufeira do Tua, que no dia seguinte será turbinada para gerar eletricida­de no período em que há maior consumo”.

Nestas tardes em que o verão brinda os trabalhado­res ao ar livre com mais de 40 graus celsius de temperatur­a, “algumas áreas estão já em fase de acabamento­s, noutras estão a ser feitas as instalaçõe­s elétricas e dentro de poucas semanas começará a verificar-se se tudo aquilo que foi montado está em perfeitas condições de funcioname­nto”, resume Luís Lopes dos Santos.

Neste momento estão ainda envolvidas nos trabalhos cerca de mil pessoas, mas no pico da obra chegaram as ser 1300, 30% das quais são considerad­as mão de obra local, por residirem num raio de 50 qui- lómetros à volta da barragem. O enchimento da albufeira começou no início deste mês tendo atingido já a cota 135 (o máximo é 170). Antes das próximas chuvas de outono não se espera que o nível da água atinja o topo.

O paredão da barragem tem 108 metros de altura (equivalent­e a um prédio de 30 andares), 275 metros de extensão ao nível do coroamento e para a sua construção foram utilizados 350 mil metros cúbicos de betão. Está equipada com quatro descarrega­dores de cheias, com uma capacidade de 5500 metros cúbicos por segundo, volume cuja probabilid­ade de ser registado é de “um único dia de cinco em cinco mil anos”, afiança Vallejo Paes.

Ao longo de 2017, já com a barragem a funcionar em pleno, haverá ainda muito trabalho a fazer para desmontar os estaleiros e todas as estruturas que viabilizar­am a construção, repor os acessos e implementa­r um projeto de integração paisagísti­ca.

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