“Portugal está sempre no nosso coração”
ALTO MINHO Valença era ontem porta de entrada para muitos emigrantes portugueses, que atravessaram a ponte internacional onde a GNR apoiava uma equipa do Instituto Nacional de Estatística num estudo sobre hábitos de consumo dos portugueses no outro lado da fronteira. O JN aproveitou a boleia e fez sinal de stop a duas famílias lusas vindas de França.
José Ferreira, natural da Póvoa de Varzim, trazia a mulher, a filha o genro e um neto. “Há seis ou sete anos que não vinha cá. Vim mostrar Portugal ao meu genro. Naturalizei-me francês em 1968, mas o meu lado esquerdo continua português.” A conversa depressa descamba para o futebol. “Ganhamos a copa”, comenta erguendo o polegar em sinal de contentamento.
De Mujães, Viana do Castelo, chega Thierry Oliveira com um irmão, a mulher, a filha e a gata Mimi. “Estamos cansados. Hoje fizemos 600 quilómetros”, conta o condutor. Saíram do sul de França, cerca das 14 horas de anteontem. Fizeram uma paragem em Espanha e voltaram à estrada às 7.30 horas de ontem. Pernoitaram num hotel em Vitoria, no País Basco. “Dormir no carro? Isso já não se usa. Era no tempo dos meus pais. Do garrafão de vinho e todas essas coisas.”
No banco de trás, Anabela e a filha, amparam, entre os seus corpos, a casota do animal de estimação, de pelo branco e olho azul, que se mantém sereno. Thierry, filho de emigrantes, nascido em França, não esconde a saudade: “Tentamos vir sempre no Natal e no verão. Portugal está sempre no nosso coração. Se pudesse, voltava para cá”.