Jornal de Notícias

Só 4% dos doentes têm explicaçõe­s para atrasos nas urgências

- SARA DIAS OLIVEIRA

HOSPITAIS Mais de metade dos doentes espera tempo a mais nas urgências dos hospitais e só 4% recebem uma explicação sobre a demora. A espera pode ultrapassa­r duas horas e atingir as 13. E 96% vão para casa sem saberem por que razão aguardaram tempo de mais.

Os dados fazem parte da análise feita ao primeiro ano de funcioname­nto do simulador online da Deco, que permite aos utentes das urgências perceber se esperaram ou não tempo a mais. Neste primeiro ano de atividade, a ferramenta foi utilizada por 700 pessoas e mais de 50% esperaram mais do que o recomendad­o pela Triagem de Manchester, que atribuiu uma pulseira de determinad­a cor conforme o risco clínico e grau de prioridade.

Em 57% dos casos, a espera foi, em média, 146 minutos, quase duas horas e meia. O valor máximo atingiu os 880 minutos, mais de 13 horas no banco de uma urgência. E apenas 4% dos doentes contam que lhes foram dadas explicaçõe­s sobre a demora. As situações muito urgentes e de emergência revelaram os maiores problemas no atendiment­o dentro dos prazos recomendad­os: 86% dos casos esperaram mais do que deviam em situações muito urgentes e 85% com pulseira vermelha.

O simulador dá indicações sobre as razões da procura das urgências: 65,3% garantiram que a situação era grave, 10,4% foram para o hospital porque o centro de saúde estava fechado, e 7,1% foram reencaminh­ados pela linha Saúde 24. Este ano, a maior parte das simulações (28,4%) foi feita em janeiro.

“Os tempos de espera não estão a ser cumpridos e há casos excessivos. Nas situações menos graves, a espera está mais dentro do limite recomendad­o”, adianta, ao JN, Cristina Cabrita, da Deco. “As pessoas podem reclamar, quanto mais reclamaçõe­s mais pressão junto dos cuidados de saúde para melhorar estas situações.”

Em 57% dos casos, a espera nos hospitais quase atingiu as duas horas e meia

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