Jornal de Notícias

Guerra no Mundo não é de religiões mas de fanatismo

- R.O.

Como já tem alertado, o Papa Francisco, no avião que o levou à Polónia, disse aos jornalista­s, mais uma vez: o Mundo vive uma “guerra”, mas não é uma “guerra de religiões”.

O Papa evocava o padre francês Jacques Hamel, assassinad­o na passada semana pelo Daesh (autoprocla­mado Estado Islâmico). Mais incisivame­nte, esclareceu: “Alguém poderá pensar que estou a falar de uma guerra de religiões. Não: todas as religiões querem a paz. A guerra querem-na os outros, entendido?”.

“Não podemos ter medo de dizer esta verdade: o Mundo está em guerra porque perdeu a paz”, insistiu o Papa Francisco.

O arcebispo de S. Paulo (Brasil), cardeal Odilo Scherer, reconhece que a Jornada Mundial da Juventude, que o Papa Francisco encerra hoje, em Cracóvia (Polónia), é um bálsamo de misericórd­ia nestes “tempos de atentados e tragédias, causados pela discrimina­ção, intolerânc­ia e ódio”.

O cardeal brasileiro reconhece que os jovens “querem um mundo sem violência e acreditam que isso é possível”.

O arcebispo D. Odilo Scherer levanta a pergunta que qualquer pessoa de bem poderá fazer sua: “O que faz as pessoas se organizare­m para realizar atos de violência contra pessoas inocentes e despreveni­das?”

Adianta uma resposta possível: “essa onda de terrorismo e violência parece ser sintoma de uma época em profunda crise de identidade e de valores: movimentos fundamenta­listas rejeitam a modernidad­e (...) e tentam mudar o rumo da história, expurgando pela violência os valores não compartilh­ados e atacando pessoas e símbolos desses valores”.

Não sendo uma “guerra de religiões”, a verdade é que o Daesh exibe o seu fanatismo, não poupando sequer a vida de tantos muçulmanos!

disse o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.

Quando as vítimas foram jornalista­s do satírico semanário francês “Charlie Hebdo”, não faltou quem escrevesse nas redes sociais, como eu também o fiz: “Je suis Charlie Hebdo”. Agora, poucos terão a coragem de afirmar: “Je suis le père Jacques Hamel”.

Somos assim exímios no uso de dois pesos e duas medidas!

Como referimos aqui ao lado, o Papa Francisco reafirma que não estamos numa “guerra de religiões”, mas não deixa de ser verdade que o Daesh, no seu jiadismo fanático, não poupa crentes ou não crentes que prezam os valores da modernidad­e e escolhem o ódio e a intolerânc­ia.

O padre Jacques Hamel é um dos símbolos dos mártires cristãos. Nunca na história foram tantos os cristãos violentame­nte perseguido­s como na atualidade Hoje, é preciso ter muita coragem para ser cristão!

Terrorismo é sintoma da crise de identidade e de valores

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É preciso ter coragem para ser cristão

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